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[AULA 5] Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido - 9º ano

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Para uma compreensão clara e didática dos descritores D16, D17, D18 e D19, vamos explorar seus aspectos de forma detalhada e com exemplos práticos.


CONHECENDO O DESCRITOR

D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados: A ironia consiste em dizer o contrário do que se pensa, criando um efeito de sentido inesperado. O humor, por sua vez, está relacionado à capacidade de provocar o riso ou a alegria. Ambos são recursos utilizados para criticar, satirizar ou simplesmente divertir. Ao analisar um texto, é importante identificar as situações em que a ironia e o humor são empregados e compreender como eles contribuem para a construção do sentido global.

Comecemos com o Descritor 16, que trata de identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. A ironia, como figura de linguagem, caracteriza-se por expressar o oposto do que realmente se quer dizer, gerando um efeito de surpresa ou reflexão no leitor.


Por exemplo, ao dizer "Que dia maravilhoso para um temporal!", a intenção é destacar o clima ruim por meio do contraste com a expressão positiva. Já o humor busca provocar o riso ou despertar alegria. Ele pode surgir de situações inusitadas, jogos de palavras ou exageros.


Por exemplo, uma charge que retrate uma figura pública fazendo algo totalmente inesperado usa o humor para criticar ou divertir. Para identificar esses elementos em um texto, os alunos devem observar o contexto e as intenções do autor, refletindo sobre como ironia e humor enriquecem a mensagem e criam múltiplas interpretações.


Por que é importante?

  • Desenvolve a capacidade crítica ao interpretar mensagens implícitas.

  • Estimula a criatividade e a empatia ao compreender diferentes perspectivas.

  • Enriquece a leitura, ajudando a captar nuances e intenções do autor.


  • Observe o contexto: Pergunte-se: o que está sendo dito e qual pode ser a intenção do autor?

  • Identifique contradições: Se algo parece "fora do comum" ou contraditório, pode ser ironia.

  • Procure exageros ou absurdos: Esses são sinais típicos de humor.

  • Note expressões ou situações inesperadas: Muitas vezes, o humor ou a ironia está na surpresa.

  • Analise o tom: O tom sarcástico ou brincalhão pode indicar ironia ou humor.


CONHECENDO O DESCRITOR

D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações: A pontuação é como a partitura de uma música, indicando as pausas, as entonações e os diferentes sentidos de uma frase. Uma simples vírgula pode mudar completamente o significado de um enunciado. Além da pontuação, outros recursos como negrito, itálico, aspas, etc., são utilizados para enfatizar ideias, criar ironia ou indicar diferentes vozes. Ao analisar um texto, é fundamental observar como a pontuação e outras notações contribuem para a construção do sentido.

O Descritor 17 aborda o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. A pontuação funciona como uma ferramenta que orienta a leitura, tal qual uma partitura musical orienta a execução de uma peça. Uma vírgula, por exemplo, pode alterar totalmente o sentido de uma frase.


Compare: "Vamos comer, crianças!" e "Vamos comer crianças!". O primeiro exemplo convida as crianças para uma refeição, enquanto o segundo sugere algo totalmente diferente. Além disso, o uso de negrito, itálico, aspas e outros recursos gráficos pode destacar palavras, criar ironia ou introduzir vozes diferentes no texto.


Uma frase como: Ela disse que estava "feliz". As aspas aqui sugerem uma possível ironia ou dúvida sobre o estado de felicidade. Ao analisar um texto, é crucial que os alunos compreendam como esses recursos são utilizados para organizar a informação e enriquecer o significado.


Por que é importante?

  • Ajuda a interpretar textos com maior precisão.

  • Enriquece a leitura ao revelar nuances e intenções do autor.

  • Desenvolve a habilidade de reconhecer elementos estruturais da linguagem que influenciam o sentido.


  • Atenção às pausas: Pontuações como vírgulas, pontos e travessões indicam ritmo e significado.

  • Identifique ênfases: Repare no uso de negrito, itálico ou sublinhado para destacar informações.

  • Reconheça ironia ou dúvidas: Aspas podem sinalizar ironia ou indicar citações.

  • Observe separações: Parênteses e travessões introduzem explicações ou comentários adicionais.

  • Compare sentidos: Experimente retirar ou substituir sinais de pontuação para perceber como o sentido muda.


CONHECENDO O DESCRITOR

D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão: A escolha de uma palavra em vez de outra pode mudar completamente o sentido de uma frase. Sinônimos e antônimos, por exemplo, podem criar diferentes nuances de significado. Além disso, as palavras possuem conotações que vão além de seu significado literal, evocando sentimentos e ideias associadas. Ao analisar um texto, é importante observar a escolha lexical do autor e como ela contribui para a construção do sentido.

No Descritor 18, o foco está na escolha das palavras e expressões e no efeito de sentido que elas produzem. A seleção lexical não é aleatória: cada palavra carrega nuances, conotações e possibilidades interpretativas que influenciam a mensagem. Por exemplo, o uso de "firme" em vez de "duro" para descrever alguém sugere autoridade sem o peso negativo que "duro" pode trazer. Além disso, sinônimos e antônimos desempenham um papel importante ao criar contraste ou reforçar ideias.


Uma palavra como "refúgio" sugere proteção e acolhimento, enquanto "esconderijo" pode evocar mistério ou fuga. Ao analisar textos, os alunos devem prestar atenção à carga emocional e ao contexto em que as palavras são empregadas, observando como contribuem para a construção do sentido global.


Por que é importante?

  • Desenvolve a capacidade de perceber sutilezas na linguagem.

  • Permite entender melhor as intenções do autor.

  • Ajuda na construção de textos mais precisos e expressivos.


  • Preste atenção a sinônimos e antônimos: Observe como a troca de palavras altera o sentido.

  • Considere o contexto: A mesma palavra pode ter diferentes significados dependendo da situação.

  • Identifique conotações: Algumas palavras trazem emoções ou ideias implícitas (positivas ou negativas).

  • Compare escolhas: Substitua uma palavra por outra e veja como o sentido muda.

  • Observe repetições e variações: Palavras repetidas podem reforçar ideias; variações podem criar contraste.


 CONHENDO O DESCRITOR

D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos: A língua portuguesa possui uma série de recursos ortográficos e morfossintáticos que podem ser utilizados para criar efeitos de sentido. Prefixos, sufixos, flexões verbais, a ordem das palavras na frase e a concordância nominal e verbal são alguns exemplos. Ao analisar um texto, é importante observar como esses recursos são utilizados para construir o sentido e como eles contribuem para a coesão e a coerência do texto.

Por fim, o Descritor 19 enfatiza os recursos ortográficos e morfossintáticos e seus efeitos no sentido do texto. A língua portuguesa oferece uma ampla gama de ferramentas nesse aspecto, como o uso de prefixos e sufixos, que alteram ou intensificam o significado das palavras.


Por exemplo, "feliz" e "infeliz" carregam significados opostos graças ao prefixo "in-". A ordem das palavras na frase também é fundamental: "João viu Maria" e "Maria viu João" transmitem mensagens diferentes, mesmo com os mesmos elementos.


Outro exemplo é a concordância nominal e verbal, que assegura clareza e coesão. Frases como "Os alunos está animados" geram estranhamento e dificultam a compreensão, enquanto "Os alunos estão animados" soa natural e correto. Compreender e identificar o uso desses recursos ajuda os alunos a perceberem como o autor constrói e organiza suas ideias para transmitir a mensagem de maneira eficaz.


Por que é importante?

  • Melhora a compreensão da construção do sentido textual.

  • Ajuda a identificar intenções do autor ao escolher estruturas específicas.

  • Contribui para a leitura crítica e para a escrita coerente e coesa.


  • Analise os prefixos e sufixos: Note como eles transformam o significado das palavras ("feliz" e "infeliz").

  • Observe a flexão de palavras: Gênero, número e tempo verbal podem mudar o sentido de uma frase ("ele canta" vs. "ele cantava").

  • Preste atenção à ordem das palavras: Trocar a ordem pode alterar o foco e o significado ("João viu Maria" vs. "Maria viu João").

  • Repare na concordância: Erros de concordância podem dificultar a compreensão ou alterar o sentido ("Os aluno estudaram" causa estranheza).

  • Considere os acentos: Eles podem diferenciar palavras ("pode" e "pôde").


Esses descritores, juntos, promovem uma leitura crítica e atenta, permitindo que os alunos reconheçam e interpretem os diversos recursos de linguagem usados nos textos. Dessa forma, eles desenvolvem uma competência leitora capaz de captar nuances, intenções e significados implícitos.

Fórum: Opinar, compartilhar e refletir


Etapas da participação no fórum

1. Leitura inicial (compreensão dos descritores)

Releia a explicação de cada descritor (D16 a D19) apresentada na aula e, se necessário, consulte os exemplos discutidos.


2. Escolha do exemplo

Selecione um entre os quatro descritores para trabalhar.Depois, procure um exemplo real que ilustre o efeito de sentido que ele aborda. Pode ser:

  • Trecho de texto literário

  • Charge ou tirinha

  • Frase retirada de rede social

  • Manchete de jornal ou revista

  • Anúncio publicitário

  • Postagem ou comentário com ironia/humor

  • Texto adaptado criado por você


3. Análise e reflexão

Publique no fórum sua contribuição seguindo o modelo:

  • Descritor escolhido: (ex.: D16 – Ironia ou humor)

  • Exemplo: (copie ou descreva)

  • Contexto: Onde você encontrou? Sobre o que se trata?

  • Análise:

    • Explique como o recurso foi usado (ironia, pontuação, escolha lexical ou recurso morfossintático).

    • Qual o efeito produzido no leitor?

  • Reflexão pessoal: O que esse exemplo ensina sobre a importância de ler com atenção e analisar o texto além do sentido literal?


4. Interação com os colegas

Leia pelo menos duas publicações de colegas e comente, respondendo:

  • Se você percebeu o mesmo efeito que ele apontou.

  • Se consegue pensar em outro exemplo semelhante.

  • Se discorda de algo, justifique de forma respeitosa.


Critérios para uma boa participação

  • Clareza na explicação e no exemplo.

  • Coerência na análise do efeito de sentido.

  • Respeito e colaboração nos comentários.

  • Criatividade na escolha dos exemplos.


💡 #FICAADICA:Use o fórum para ampliar seu olhar como leitor. Quanto mais variados forem os exemplos, mais rica será a nossa compreensão coletiva sobre os efeitos de sentido nos textos.

PRATIQUE!

Educação Financeira: um investimento para a vida

Em um país onde a maioria da população convive com dívidas e pouca poupança, a educação financeira deveria ser tratada como prioridade nacional. Não basta saber ganhar dinheiro; é preciso saber administrá-lo. Ensinar crianças, jovens e adultos a lidar com o próprio orçamento é tão essencial quanto alfabetizá-los.

O que vemos, porém, é um cenário em que o consumo imediato é incentivado por propagandas que, muitas vezes, vendem a ilusão de felicidade em parcelas “que cabem no bolso”. Ironia ou não, enquanto as lojas anunciam “oportunidades imperdíveis”, os consumidores se endividam justamente por não perderem tais “oportunidades”.

A educação financeira não significa viver de forma avarenta ou abrir mão de prazeres legítimos, mas sim tomar decisões conscientes, planejando gastos e investimentos de acordo com metas reais. Ao compreender como funcionam juros, prazos, crédito e inflação, o cidadão fortalece sua autonomia e evita cair em armadilhas do mercado.

É urgente que escolas, famílias e governos unam esforços para inserir esse tema de forma prática no cotidiano das pessoas. Afinal, quem aprende a lidar bem com o dinheiro não apenas conquista estabilidade, mas também constrói liberdade — e isso não tem preço.


 

D16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados

No trecho:

 

"Ironia ou não, enquanto as lojas anunciam 'oportunidades imperdíveis', os consumidores se endividam justamente por não perderem tais 'oportunidades'."

 

Questão 1. Qual é o efeito de ironia presente nesse trecho?

A) Apresentar uma oportunidade real de compra com desconto.

B) Mostrar que as promoções ajudam os consumidores a economizar.

C) Destacar que, ao tentar aproveitar “oportunidades”, as pessoas acabam prejudicando-se financeiramente.

D) Explicar que as lojas usam linguagem direta para atrair clientes.

 

D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações

 

Observe a frase:

"...vender a ilusão de felicidade em parcelas 'que cabem no bolso'."

 

Questão 2. O uso das aspas em "que cabem no bolso" indica que:

A) O autor acredita literalmente que as parcelas cabem no orçamento.

B) Há dúvida ou crítica em relação à veracidade dessa expressão.

C) Trata-se de um termo técnico do mercado financeiro.

D) É apenas um destaque gráfico para atrair atenção.

 

D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão

 

No trecho:

"É urgente que escolas, famílias e governos unam esforços..."

 

Questão 3. O uso da palavra "urgente" tem o efeito de:

A) Indicar que o tema é importante, mas pode ser tratado futuramente.

B) Demonstrar que o autor considera o assunto prioritário e imediato.

C) Sugerir que apenas escolas devem agir rapidamente.

D) Enfatizar que a educação financeira é algo opcional.

 

D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos


Na frase:

 "A educação financeira não significa viver de forma avarenta ou abrir mão de prazeres legítimos..."

 

Questão 4. O uso da conjunção "ou" na expressão “viver de forma avarenta ou abrir mão de prazeres legítimos” indica:

 

A) Que a educação financeira exige ambas as ações ao mesmo tempo.

B) Que o autor está apresentando alternativas distintas que não correspondem ao real significado de educação financeira.

C) Que as duas ações são obrigatórias para quem quer economizar.

D) Que a frase deve ser lida como uma ironia.


Leia o texto abaixo.


AS DUAS NOIVAS

O ônibus parou e ela subiu. Ele se encolheu, separando-se da outra, as mãos enfiadas entre os joelhos e olhando para o lado – como se adiantasse, já tinha sido visto. A noiva sorriu, agradavelmente surpreendida:

Mas que coincidência!

E sentou-se a seu lado. Você ainda não viu nada – pensou ele, sentindo-se perdido, ali entre as duas.

Queria sumir, evaporar-se no ar. Num gesto meio vago, que se dirigia tanto a uma como a outra, fez a apresentação com voz sumida:

—Esta é minha noiva…

—Muito prazer – disseram ambas.

Fonte: Sabino, Fernando. Obra Reunida. Volume III, Editora Nova Aguilar S.A. – Rio de Janeiro, 1996, p.


Questão 5. No texto, a ironia está no fato de que as moças

a) se conheciam.

b) se cumprimentaram.

c) falaram ao mesmo tempo.

d) noivaram com o mesmo rapaz.


Leia e resolva.

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Questão 6. Na tirinha, o elemento responsável pelo humor é

a) o indicador do desemprego.

b) a indignação de Mafalda no final.

c) a mudança no formato dos balões.

d) a quebra de expectativa no texto.


 

(A.D.A - SEDUC-GO). Leia o texto a seguir e responda.

Furto de flor

Carlos Drummond de Andrade

Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.

Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.

Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.

Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.

— Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

Disponível em: https://www.contioutra.com/furto -de-flor-uma-cronica-de-carlos -drummond-de-andrade/.

 

Questão 7. O uso do ponto de exclamação no trecho “— Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!”, sugere que o porteiro ficou

A) intimidado com a atitude do narrador.

B) preocupado com atitude do narrador.

C) amedrontado porque o homem jogou lixo no jardim.

D) indignado com o fato do narrador jogar a flor no jardim.

 

A.D.A - SEDUC-GO). Leia o texto e, a seguir, responda.

 

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LAERTE, Piratas do Tietê. Folha de S. Paulo, 25 nov. 2000.

 

Questão 8. No segundo quadrinho, o ponto de interrogação após a expressão “O quê?...” mostra que o gato está

A) comovido.

B) indignado.

C) desmotivado.

D) entusiasmado.

  

Leia o texto e, a seguir, responda.


DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL

As informações da desigualdade no Brasil são de arrepiar. Escolha qualquer indicador, mulheres e negros estão sempre abaixo de homens e brancos. No país, a renda do 1% mais rico é igual à dos 99% restantes. E ricos ficam cada vez mais ricos e pobres mais pobres.

No mundo, há 62 indivíduos com renda somada de US$ 1,7 trilhão, igual ao que ganham os 50% mais pobres do planeta. Mas nós, brasileiros, somos campeões mundiais em desigualdade.

O pior é que a maioria dos pobres no Brasil vive na periferia das cidades. Sonha com melhor emprego, transporte, segurança, saúde e educação. Mas sofre as mazelas do dia a dia. Quem mora na Restinga gasta três horas para ir e voltar do trabalho.

É claro que só sairemos do buraco se enfrentarmos a crise da Previdência, as distorções nas relações de trabalho e se tornarmos a economia mais competitiva. Mas, sem políticas que promovam melhor distribuição de renda e serviços públicos de melhor qualidade, o Brasil nunca avançará. É preciso cuidar dos mais vulneráveis. E isso exige patriotismo. Olhar menos para o próprio umbigo. Aceitar perder privilégios. É a única forma através da qual filhos de quaisquer brasileiros, sobretudo os mais pobres, poderão se tornar, um dia, profissionais mais competitivos. O Brasil está ruim até para os ricos. Muitos mantêm seus negócios aqui, mas a família já foi embora, para fugir da violência. Imagine a vida de quem não tem alternativa a não ser ficar.

Gilberto Schwartsmann. (Médico e professor)

 

Questão 9. A expressão “Olhar menos para o próprio umbigo” significa:

A) mostrar a necessidade da persistência.

B) destacar os problemas das outras pessoas.

C) evitar excessiva importância para si mesmo.

D) ressaltar a necessidade de notar a si próprio.

 

Leia o texto e, a seguir, responda.

Sinal

Olá, como vai?

Eu vou indo e você, tudo bem?

Tudo bem, eu vou indo, correndo

Pegar meu lugar no futuro, e você?

Tudo bem, eu vou indo em busca

De um sono tranquilo, quem sabe?

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Me perdoe a pressa

É a alma dos nossos negócios

Qual, não tem de que

Eu também só ando a cem

Quando é que você telefona?

Precisamos nos ver por aí

Pra semana, prometo, talvez

Nos vejamos, quem sabe

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Tanta coisa que eu tinha a dizer

Mas eu sumi na poeira das ruas […]

Paulinho da Viola.

 

Questão 10. Na expressão, “…só ando a cem” o autor quis dizer que anda com

A) bastante pressa, correndo.

B) muito cuidado, bem devagar.

C) muito medo e preocupado.

D) toda tranquilidade, despreocupado.


(SEAPE). Leia o texto abaixo.


Por que o cachorro foi morar com o homem?


O cachorro, que todos dizem ser o melhor amigo do homem, vivia antigamente no meio do mato com seus primos, o chacal e o lobo.

Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos riachos e caçavam sempre juntos.

Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades para encontrar o que comer. A vegetação e os rios secavam, fazendo com que os animais da floresta fugissem em busca de outras paragens.

Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa do forte calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.

– Precisamos mandar alguém à aldeia dos homens para apanhar um pouco de fogo – disse o lobo.

– Fogo? – perguntou o cachorro.

– Para queimar o capim e comer gafanhotos assados – respondeu o chacal com água na boca.

– E quem vai buscar o fogo? – tornou a perguntar o cachorro.

– Você! – responderam o lobo e o chacal, ao mesmo tempo, apontando para o cão.

De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve outro jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter que fazer a cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam dormindo numa boa.

O cachorro correu e correu até alcançar o cercado de espinhos e paus pontudos que protegia a aldeia dos ataques dos leões.

Anoitecia, e das cabanas saía um cheiro gostoso. O cachorro entrou numa delas e viu uma mulher dando de comer a uma criança. Cansado, resolveu sentar e esperar a mulher se distrair para ele pegar um tição.

Uma panela de mingau de milho fumegava sobre uma fogueira. Dali, a mulher, sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e as passava para uma tigela de barro.

Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão. O bicho, esfomeado, devorou tudo e adorou. Enquanto comia, a criança se aproximou e acariciou o seu pelo. Então, o cão disse para si mesmo:

– Eu é que não volto mais para a floresta. O lobo e o chacal vivem me dando ordens.

Aqui não falta comida e as pessoas gostam de mim. De hoje em diante vou morar com os homens e ajudá-los a tomar conta de suas casas.

E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por causa disso que o lobo e o chacal ficam uivando na floresta, chamando pelo primo fujão.

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Questão 11. No trecho “Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão.” (17° parágrafo), o autor, ao utilizar o tempo dos verbos destacados estabelece

A) a conclusão de um fato.

B) a continuidade de uma ação.

C) a possibilidade de ocorrência de um fato.

D) a condução para a realização de uma ação.


(SPAECE). Leia o texto abaixo.


O craque sem idade


Quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar acusava um lírico, um platônico 0 x 0. Ora, o empate é o pior resultado do mundo. [...] Acresce o seguinte: de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0. [...] 

Súbito, o alto-falante do estádio se põe a anunciar as duas substituições brasileiras: entravam Zizinho e Walter. Foi uma transfiguração. Ninguém ligou para Walter, que é um craque, sim, mas sem a tradição, sem a legenda, sem a pompa de um Ziza. O nome que crepitou, que encheu, que inundou todo o espaço acústico do Maracanã foi o do comandante banguense. Imediatamente, cada torcedor tratou de enxugar, no lábio, a baba da impotência, do despeito e da frustração. O placar permanecia empacado no 0 x 0. Mas já nos sentíamos atravessados pela certeza profética da vitória. Os nossos tórax arriados encheram-se de um ar heroico, estufaram-se como nos anúncios de fortificante.

Eis a verdade: a partir do momento em que se anunciou Zizinho, a partida estava automática e fatalmente ganha. Portanto, público, juiz, bandeirinhas e os dois times podiam ter se retirado, podiam ter ido para casa. Pois bem: veio o jogo. Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha. Nenhum gol, nada. Mas a presença de Zizinho, por si só, dinamizou a etapa complementar, deu-lhe caráter, deu-lhe alma, infundiu-lhe dramatismo. Por outro lado, verificamos ainda uma vez o seguinte: a bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. 

Foi o que aconteceu: a pelota não largou Zizinho, a pelota o farejava e seguia com uma fidelidade de cadelinha ao seu dono. [...]

No fim de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Zizinho jogava. Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Zizinho triturava os outros ou, ainda, Zizinho afundava os outros numa sombra irremediável. Eis o fato: a partida foi um show pessoal e intransferível.

E, no entanto, a convocação do formidável jogador suscitara escrúpulos e debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de  34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho mostra o seguinte: o tempo é uma convenção que não existe [...] para o craque. [...] Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?

No jogo Brasil x Paraguai, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto-falante, no intervalo. Em último caso, poderá jogar, de casa, pelo telefone.

RODRIGUES, Nelson. Disponível em: <http://goo.gl/OcttjP>. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento. 


Questão 12. No trecho “Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha.” (3° parágrafo), o uso do diminutivo no termo em destaque sugere

A) admiração.

B) deboche.

C) suavidade.

D) tamanho.



 

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