D2 – Estabelecer relações entre partes de um texto - 3 EM
- Nelson Junior
- 3 de mai.
- 11 min de leitura
Atualizado: 7 de mai.

Hoje, vamos mergulhar em um aspecto crucial para a interpretação e produção de textos: a coesão textual, focando especificamente em como as repetições e substituições contribuem para a continuidade e fluidez das ideias. Dominar esse conceito é fundamental para o sucesso em avaliações como o ENEM e vestibulares.
O que é Coesão Textual?
Imagine um texto como uma construção. As palavras e frases são os tijolos, e a coesão é o cimento que os une, garantindo que a estrutura fique firme e compreensível. A coesão textual se refere aos mecanismos linguísticos que interligam as diferentes partes de um texto, criando uma teia de relações lógicas e semânticas. Sem coesão, o texto se torna um amontoado de frases soltas, sem sentido.
Repetição: Quando Usar e Quando Evitar
A repetição, à primeira vista, pode parecer um vício de linguagem. De fato, o excesso de repetições torna a leitura cansativa e demonstra pobreza vocabular. No entanto, a repetição estratégica pode ser uma ferramenta valiosa para a coesão.
Repetição como ênfase: Repetir uma palavra-chave ou um conceito central pode reforçar sua importância e garantir que o leitor o memorize. Por exemplo: "A educação transforma. A educação liberta. A educação constrói um futuro melhor."
Repetição como recurso estilístico: Em textos literários, a repetição pode ser usada para criar ritmo, musicalidade ou efeitos expressivos.
Cuidado com a repetição desnecessária: Repetir palavras ou expressões sem um propósito claro prejudica a clareza e a fluidez do texto. Evite repetir palavras em um mesmo parágrafo, a menos que seja estritamente necessário para a compreensão.
Substituição: A Arte de Variar o Vocabulário
A substituição é o principal recurso para evitar repetições desnecessárias e enriquecer o texto. Existem diversas maneiras de substituir palavras e expressões:
Sinônimos: Utilizar palavras com significados semelhantes. Exemplo: "O cachorro latiu." pode ser substituído por "O cão ladrou."
Hiperônimos e Hipônimos: Hiperônimos são palavras com sentido mais abrangente (ex: flor), enquanto hipônimos têm sentido mais específico (ex: rosa, margarida). Usar hiperônimos e hipônimos cria relações de inclusão e evita repetições. Exemplo: "Comprei frutas na feira. As maçãs estavam ótimas."
Pronominalização: Substituir substantivos por pronomes (pessoais, possessivos, demonstrativos, relativos). Exemplo: "Maria chegou cedo. Ela estava ansiosa para a apresentação."
Elipse: Omitir um termo que já foi mencionado e que pode ser facilmente subentendido pelo contexto. Exemplo: "João foi ao cinema e Pedro ao teatro." (omissão de "foi")
Expressões resumitivas ou metonímia: Usar uma expressão que resume um conceito ou substituir uma palavra por outra com a qual mantém uma relação de proximidade (metonímia). Exemplo: "O país (Brasil) está em crise." ou "Li Machado de Assis." (referindo-se às obras do autor).
Observe o seguinte trecho adaptado:
"A poluição atmosférica é um grave problema. A poluição afeta a saúde da população. A poluição também prejudica o meio ambiente. Esse problema exige soluções urgentes."
Este trecho apresenta repetições excessivas da palavra "poluição". Podemos reescrevê-lo utilizando substituições:
"A poluição atmosférica é um grave problema. Esse fenômeno afeta a saúde da população e também prejudica o meio ambiente. Tal situação exige soluções urgentes."
Note como as substituições por "fenômeno", "tal situação" e o uso do pronome "esse" tornaram o texto mais fluido e elegante.
Dominar os mecanismos de coesão, especialmente o uso estratégico de repetições e substituições, é essencial para produzir e interpretar textos de qualidade. Lembrem-se: a chave é o equilíbrio. Repetições bem utilizadas enfatizam ideias, enquanto substituições enriquecem o texto e evitam a monotonia. Pratiquem a análise e a produção de textos, observando como esses recursos são empregados, e vocês estarão cada vez mais preparados para os desafios que virão.
Fórum: Opinar, compartilhar e refletir
🎓 Objetivo da Atividade:
Analisar e aplicar os mecanismos linguísticos de coesão referencial, com ênfase nas formas de repetição e substituição, a fim de aprimorar a continuidade temática, a clareza e a progressão das ideias em um texto dissertativo.
📘 Contextualização:
A coesão textual é um dos pilares da competência discursiva. Seu domínio contribui diretamente para a produção de textos mais claros, organizados e eficazes. Nesta atividade, você irá aplicar os recursos de repetição estratégica e substituição coesiva (por sinônimos, pronomes, elipses, hiperônimos, expressões resumitivas e metonímia), fundamentais para evitar redundâncias e promover fluidez textual.
📝 Instruções para a Postagem no Fórum:
1. Reescrita orientada:
Reescreva o seguinte fragmento, aprimorando a coesão por meio do uso adequado de substituições coesivas:
“A desigualdade social é um grande desafio. A desigualdade impede o acesso de muitos aos serviços básicos. A desigualdade também gera violência e exclusão.”
Critérios técnicos para a reescrita:
Evitar repetições desnecessárias.
Utilizar mecanismos variados de substituição (referenciação anafórica ou catafórica).
Manter a clareza e a coesão sem prejuízo da semântica original.
2. Análise reflexiva (mínimo de 5 linhas):
Redija uma breve reflexão respondendo às seguintes questões:
Qual é a função discursiva da repetição e da substituição em um texto coeso?
De que maneira a substituição lexical e pronominal contribui para a progressão textual?
Em sua prática de escrita, você identifica dificuldades com repetições? Como pretende superá-las?
📌 Interação obrigatória:
Comente a postagem de um(a) colega, avaliando tecnicamente:
A adequação dos mecanismos de coesão empregados.
A eficiência da substituição lexical e a manutenção da progressão temática.
Sugestões pontuais de melhoria, com justificativas linguísticas.
PRATIQUE!
Crise Hídrica Ameaça o Abastecimento em Grandes Cidades
A escassez de água, um problema global crescente, tem se intensificado em diversas regiões do Brasil, colocando em risco o abastecimento de grandes centros urbanos. A falta de chuvas regulares, somada ao consumo excessivo e à má gestão dos recursos hídricos, configura um cenário preocupante. A situação, que já era delicada, agravou-se nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios atingindo marcas históricas de baixa. Este quadro exige ações urgentes e eficazes para garantir o acesso à água potável para a população.
A crise hídrica não é um fenômeno isolado. Ela se manifesta em diferentes partes do mundo, afetando desde países em desenvolvimento até nações industrializadas. A problemática, portanto, demanda uma abordagem global e integrada. No Brasil, os efeitos da escassez hídrica são sentidos com maior intensidade nas regiões Sudeste e Nordeste, onde a concentração populacional e as atividades econômicas exercem forte pressão sobre os recursos hídricos. A situação exige não apenas medidas emergenciais, como o racionamento e a captação de novas fontes de água, mas também ações de longo prazo, como a revitalização de bacias hidrográficas, o combate ao desperdício e a conscientização da população sobre o uso responsável da água.
A conscientização da população sobre a importância da água e a necessidade de seu uso consciente é crucial para reverter este quadro. Cada indivíduo pode contribuir com pequenas ações diárias, como reduzir o tempo no banho, fechar a torneira ao escovar os dentes e reutilizar a água da lavagem de roupas. Essas atitudes, quando praticadas em conjunto, podem fazer uma grande diferença. A crise, em suma, exige um esforço conjunto da sociedade, do poder público e do setor privado para garantir a segurança hídrica para as presentes e futuras gerações.
Questão 1. No primeiro parágrafo, a expressão "A falta de chuvas regulares, somada ao consumo excessivo e à má gestão dos recursos hídricos" pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:
a) A abundância de precipitações, aliada ao consumo moderado e à boa administração dos recursos.
b) A escassez de precipitações, combinada com o consumo descontrolado e a administração ineficiente dos recursos. c) As chuvas torrenciais, juntamente com o consumo consciente e a gestão eficaz dos recursos.
d) O equilíbrio climático, associado ao consumo sustentável e à gestão otimizada dos recursos.
e) A regularidade das chuvas, em conjunto com o consumo equilibrado e a gestão adequada dos recursos.
Questão 2. No segundo parágrafo, o uso do pronome "Ela" refere-se a:
a) Crise Hídrica.
b) População.
c) Água Potável.
d) Bacias Hidrográficas.
e) Regiões Sudeste e Nordeste.
Questão 3. No terceiro parágrafo, a repetição da palavra "água" tem a função de:
a) Empobrecer o texto, demonstrando falta de vocabulário do autor.
b) Enfatizar a importância do recurso hídrico e a necessidade de seu uso consciente.
c) Criar um efeito estilístico, tornando a leitura mais agradável.
d) Confundir o leitor, dificultando a compreensão do texto.
e) Tornar o texto redundante e cansativo.
Questão 4. No trecho "A conscientização da população sobre a importância da água e a necessidade de seu uso consciente é crucial para reverter este quadro.", a expressão "este quadro" refere-se a:
a) Às ações diárias da população.
b) À importância da água.
c) À necessidade do uso consciente.
d) À crise hídrica e seus impactos.
e) Às futuras gerações.
Questão 5. No texto, a expressão “A situação, que já era delicada, agravou-se nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios atingindo marcas históricas de baixa.”, pode ser reescrita, sem alteração de sentido, utilizando um sinônimo para o termo sublinhado:
a) A situação, que já era complexa, melhorou nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios atingindo marcas históricas de alta.
b) A situação, que já era difícil, piorou nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios atingindo marcas históricas de mínima.
c) A situação, que já era desafiadora, estabilizou nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios mantendo-se em patamares regulares.
d) A situação, que já era simples, se manteve nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios sem grandes alterações.
e) A situação, que já era tranquila, se desenvolveu nos últimos meses, com os níveis dos reservatórios apresentando um crescimento significativo.
Questão 6. (PAEBES). Leia o texto abaixo.
Impressões
Ao cruzar a porta você chega à uma sala. Ela é ampla e mal iluminada, uns 10x10 metros, você não consegue enxergar suas extremidades com clareza e pode notar alguns vultos de alguns entulhos encostados no que você julga ser as paredes, em seu interior um cheiro forte de mofo impregna todo o ambiente causando um mal-estar enorme, mais ainda é suportável, ao fim dela, você pode ver um fio de luz pequeno no chão, vindo de um canto que você não pode enxergar perfeitamente, mas sabe que aquela fresta e aquela luz são de uma porta, do outro lado, vozes baixas e uma música suave pode ser notada. [...]
Disponível em: <http://www.rpgonline.com.br/dicas_de_rpg.asp?id=591> . Acesso em: 15 fev. 2012. Fragmento.
A organização desse texto tem como base a
A) a caracterização de um personagem.
B) a descrição de um ambiente.
C) a passagem do tempo cronológico.
D) o diálogo entre personagens.
E) o ponto de vista subjetivo.
Questão 7. (SAERJ). Leia o texto abaixo.
Burro-sem-rabo
São dez horas da manhã. O carreto que contratei para transportar minhas coisas acaba de chegar.
Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma estante, meia dúzia de livros, a máquina de escrever. Quatro retratos de criança emoldurados. Um desenho de Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro. E este tapete, aqui em casa ele não tem serventia.
E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino: destas antigas, com uma gradinha de madeira em volta, como as do tabelião do interior. Gosto dela: curti na sua superfície muita hora de estudo para fazer prova no ginásio; finquei cotovelos em cima dela noites seguidas, à procura de uma ideia. Foi de meu pai. É austera, simpática, discreta, acolhedora e digna: lembra meu pai.
Esta cadeira foi de Hélio Pellegrino, que também me acompanha desde menino: é giratória e de palhinha. Velha também, mas confortável como as amizades duradouras.
Mandei reformá-la e tem prestado serviços, inspirando-me sempre a sábia definição de Sinclair Lewis sobre o ato de escrever: é a arte de sentar-se numa cadeira.
E lá vai ele, puxando a sua carroça, no cumprimento da humilde profissão que lhe vale o injusto designativo de burro-sem-rabo. Não tenho mais nada a fazer, vou atrás.
Vou atrás das coisas que ele carrega, as minhas coisas; parte de minha vida, pelo menos parte material, no que sobrou de tanta atividade dispersa: o meu cabedal. [...]
SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro: Ed. do autor, 1962, p. 10-12.
No trecho “... que também me acompanha desde menino:...” (5° parágrafo), a palavra destacada refere-se a
A) arquivo.
B) cadeira.
C) estante.
D) mesa.
E) tapete.
Questão 8. (PAEBES). Leia o texto abaixo.
O Peixe
Tendo por berço o lago cristalino
Folga o peixe a nadar todo inocente
Medo ou receio do porvir não sente
Pois vive incauto do fatal destino
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-o, inconsciente
Ficando o pobre peixe, de repente
Preso ao anzol do pescador ladino
O camponês também do nosso estado
Daquele peixe tem a mesma sorte
Antes do pleito festa, riso e gosto
Depois do pleito, imposto e mais imposto
Pobre matuto do sertão do norte
Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/anton07.html>. Acesso em: 25 nov. 2009.
No verso “Se na ponta de um fio longo e fino” (v. 5), a expressão destacada refere-se à palavra
A) lago.
B) peixe.
C) isca.
D) anzol.
E) pescador.
Questão 9. (SEAPE). Leia o texto abaixo.
A morte do escorpião
O escorpião estava faminto. Não havia comida por perto do local onde se encontrava, e partiu à caça de algo para alimentar-se. No caminho, perseguiu uma aranha que, ao sentir o perigo, fugiu em desespero e conseguiu safar-se de sua investida. E o escorpião prosseguiu sua tarefa.
Mais adiante, um ganso que perambulava ao redor, percebeu sua presença e partiu para o ataque, porém o escorpião conseguiu se livrar do ganso e socou-se embaixo do tronco de uma árvore até que o inimigo, cansado de esperar, retirou-se em busca de outra presa.
E o escorpião prosseguiu sua tarefa. Localizou a casa de um farinheiro e lá conseguiu penetrar de mansinho sem ninguém notar. Acomodou-se nos entulhos do quintal e logo divisou a figura de uma barata, o que avivou seu instinto de conservação.
O escorpião estava prestes a dar um bote na barata, e assim, saciar sua fome, quando alguém, que não o havia percebido, matou a barata e jogou-a na lixeira. O escorpião ficou furioso e, na primeira oportunidade, atacou o agressor que foi parar no hospital.
Em seguida, quedou-se a espreitar outro inseto, pois, a fome o atormentava. Nesse ínterim, descobriram sua presença, e ele não pôde defender-se das pauladas que lhe eram dirigidas, e assim, sucumbiu de estômago vazio.
ZEFERINO, Givaldo. Disponível em: <http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=15579&cat=Contos>. Acesso em: 2 jun. 2009.
No trecho “... o que avivou seu instinto de conservação.” (final do 3° parágrafo), o termo destacado refere-se ao fato de o escorpião
A) divisar a figura de uma barata.
B) entrar na casa de um farinheiro.
C) estar prestes a dar um bote.
D) ficar acomodado nos entulhos do quintal.
E) prosseguir sua tarefa de caça ao alimento.
Questão 10. (SPAECE). Leia o texto abaixo.
Os namorados
Um pião e uma bola estavam numa gaveta em meio a um monte de brinquedos. Um dia o pião disse para a bola:
– Devíamos namorar, afinal, ficamos lado a lado na mesma gaveta.
Mas a bola, que era feita de marroquim, achava que era uma jovem dama muito refinada e nem se dignou a responder à proposta do pião.
No dia seguinte, o menino, a quem todos esses brinquedos pertenciam, pintou o pião de vermelho e branco e pregou uma tachinha de bronze no meio dele. Ficava maravilhoso ao rodar.
– Olhe para mim agora! – o pião disse para a bola. – O que você acha, não daríamos um belo casal? Você sabe pular e eu sei dançar! Como iríamos ser felizes juntos!
– Isso é o que você acha – a bola retrucou – Você por acaso sabia que minha mãe e meu pai eram um par de chinelos marroquim, e que eu tenho cortiça dentro de mim?
– Mas eu sou de mogno – gabou-se o pião. – E ninguém menos que o próprio prefeito quem me fez, num torno que tem no porão. – E foi um grande prazer para ele.
– Como vou saber se o que está dizendo é verdade? – perguntou a bola.
– Que nunca mais me soltem se eu estiver mentindo! – o pião respondeu.
– Você sabe falar muito bem de si – admitiu a bola. – Mas terei de recusar o convite porque estou quase noiva de uma andorinha. Toda vez que pulo no ar, ele põe sua cabeça para fora do ninho e pergunta “você vai, você vai?”. Embora eu ainda não tenha dito que sim, já pensei nisso; e é praticamente o mesmo que estar noiva. Mas prometo que nunca o esquecerei.
ANDERSEN, Hans Christian. Os mais belos contos de Andersen. São Paulo: Moderna, 2008, p. 74. Fragmento.
No trecho “Embora eu ainda não tenha dito que sim,...” (último parágrafo), o pronome em destaque
refere-se
A) ao pião.
B) à bola.
C) ao menino.
D) ao prefeito.
E) à andorinha.
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