D15 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios - 3º EM
- Nelson Junior
- 3 de mai.
- 11 min de leitura
Atualizado: 8 de mai.

Sejam bem-vindos a mais uma aula do nosso curso preparatório. Hoje, vamos mergulhar em um aspecto crucial para a interpretação textual e produção de redações nota 10: as relações lógico-discursivas, foco do descritor D15. Preparem-se para aprimorar a capacidade de compreender como as palavras de ligação constroem o sentido dos textos.
O que são Relações Lógico-Discursivas?
Imagine um texto como uma construção. As palavras são os tijolos, as frases são as paredes, e as relações lógico-discursivas são o cimento que une tudo, garantindo que a estrutura fique firme e compreensível. Em outras palavras, são as conexões lógicas estabelecidas entre as ideias dentro de um texto, marcadas por elementos linguísticos específicos, como conjunções, advérbios, locuções conjuntivas e preposições. Esses elementos indicam a relação semântica entre as partes do texto, revelando a intenção do autor e guiando o leitor na interpretação.
Por que são importantes?
Dominar as relações lógico-discursivas é essencial por diversas razões:
Compreensão textual: Elas revelam a progressão das ideias, permitindo que o leitor entenda a mensagem global do texto e as nuances do raciocínio do autor.
Coesão textual: As palavras de ligação garantem a fluidez e a organização do texto, evitando repetições desnecessárias e tornando a leitura mais agradável.
Produção textual: Ao escrever, o conhecimento das relações lógico-discursivas permite construir argumentos sólidos e coerentes, expressando as ideias de forma clara e eficaz.
Interpretação de questões: Em exames como o ENEM, muitas questões avaliam a capacidade de identificar e interpretar as relações lógico-discursivas, exigindo um olhar atento para as palavras de ligação.
Tipos de Relações Lógico-Discursivas e seus Marcadores:
Vamos explorar os principais tipos de relações e os marcadores linguísticos que as expressam:
Adição/Continuação: Indica acréscimo de informações. Marcadores: e, além disso, ademais, outrossim, bem como, não só…mas também. Exemplo: "Estudou muito para a prova e revisou todo o conteúdo."
Oposição/Contraste: Expressa ideias contrárias. Marcadores: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, embora, apesar de, ao contrário, em vez de. Exemplo: "Queria ir à festa, mas estava muito cansado."
Conclusão/Consequência: Apresenta uma conclusão ou resultado. Marcadores: portanto, logo, assim, desse modo, dessa forma, por conseguinte, em virtude disso. Exemplo: "Choveu forte durante a noite, portanto, as ruas estão alagadas."
Explicação/Justificativa: Apresenta uma razão ou explicação para algo. Marcadores: porque, pois, já que, visto que, uma vez que, porquanto. Exemplo: "Não fui à aula porque estava doente."
Causa/Efeito: Indica uma relação de causa e consequência. Marcadores: devido a, em razão de, por causa de, em consequência de, como resultado de. Exemplo: "Devido à forte chuva, houve deslizamentos de terra."
Condição/Hipótese: Apresenta uma condição para que algo aconteça. Marcadores: se, caso, desde que, contanto que, a menos que. Exemplo: "Se você estudar, terá um bom resultado."
Tempo: Indica uma relação temporal. Marcadores: quando, enquanto, antes que, depois que, assim que, logo que, desde que. Exemplo: "Quando cheguei em casa, já era tarde."
Comparação: Estabelece uma relação de semelhança ou diferença. Marcadores: como, assim como, tal qual, mais…do que, menos…do que, tão…quanto. Exemplo: "Ele é tão inteligente quanto o irmão."
Finalidade: Indica o objetivo ou a intenção de algo. Marcadores: para, a fim de, com o intuito de, com o objetivo de. Exemplo: "Estudo muito para passar no vestibular."
Dicas para Identificar e Interpretar as Relações Lógico-Discursivas:
Leia atentamente o texto: Preste atenção nas palavras de ligação e no contexto em que elas aparecem.
Identifique a relação semântica: Pergunte-se qual a relação entre as ideias conectadas pela palavra de ligação (adição, oposição, causa, etc.).
Analise a intenção do autor: Observe como as relações lógico-discursivas contribuem para a construção do sentido global do texto e para a expressão das ideias do autor.
Pratique com exercícios: Resolva questões que envolvam a identificação e a interpretação das relações lógico-discursivas.
"Apesar da chuva intensa, o show continuou, pois o público estava animado e ansioso para ver a banda. Consequentemente, a energia contagiante da plateia contagiou os artistas, que fizeram uma apresentação memorável."
Neste trecho, podemos identificar as seguintes relações:
Oposição: "Apesar da chuva intensa, o show continuou" (oposição entre a chuva e a continuidade do show).
Explicação/Justificativa: "pois o público estava animado e ansioso para ver a banda" (explica a razão pela qual o show continuou).
Consequência: "Consequentemente, a energia contagiante da plateia contagiou os artistas" (apresenta a consequência da animação do público).
Fórum: Opinar, compartilhar e refletir
🎯 Objetivo:
Refletir sobre a importância das palavras de ligação (conectores) e sua função na construção de sentido dos textos, desenvolvendo a habilidade de identificar e interpretar relações lógico-discursivas conforme o descritor D15.
📝 Atividade
Leia o trecho abaixo com atenção:
“Ela não dormiu bem, por isso se sentia exausta. Mesmo assim, levantou cedo e foi trabalhar, pois sabia que precisava cumprir seu compromisso.”
Qual(is) palavra(s) de ligação aparecem no texto?
Que tipo(s) de relação lógico-discursiva essas palavras estabelecem (ex: causa, oposição, conclusão...)?
O uso dessas palavras contribuiu para a clareza e coerência do texto? Justifique com suas palavras.
Agora, pense em um trecho de uma música, filme, série ou texto de sua escolha e transcreva um pequeno parágrafo ou verso que contenha ao menos um conector lógico.
Em seguida, diga qual é o conector e qual a relação lógico-discursiva presente nesse exemplo.
Escreva sua resposta em 10 a 15 linhas, com clareza e organização.
💬 Interação com os colegas:
Após publicar sua resposta, leia o comentário de um(a) colega e complemente:
O exemplo apresentado está claro? Você identificou o mesmo tipo de relação lógico-discursiva?
Que outra palavra de ligação poderia ser usada no lugar da escolhida, mantendo o mesmo sentido?
PRATIQUE!
A Ascensão dos Influenciadores Digitais e o Impacto no Consumo
A internet, outrora um espaço para comunicação e pesquisa, transformou-se em um palco para o surgimento de novas profissões e modelos de negócio. Entre eles, destaca-se a figura do influenciador digital, indivíduos que, por meio de suas redes sociais, exercem forte influência sobre seus seguidores, impactando diretamente seus hábitos de consumo.
Inicialmente, esses influenciadores eram apenas usuários comuns compartilhando suas experiências e opiniões. Contudo, à medida que suas audiências cresciam, as marcas perceberam o potencial de utilizar essa influência para promover seus produtos e serviços. Assim, o marketing de influência se consolidou, tornando-se uma estratégia fundamental para diversas empresas.
Embora o sucesso de alguns influenciadores seja inegável, gerando milhões em receita, é importante ressaltar que nem todos alcançam esse patamar. De fato, a maioria dos influenciadores digitais trabalha em nichos específicos, construindo comunidades menores, porém engajadas. Além disso, a autenticidade e a credibilidade são cruciais para o sucesso a longo prazo. Os seguidores, afinal, são capazes de identificar quando uma publicidade é puramente comercial, sem conexão com os valores do influenciador.
Portanto, a relação entre influenciadores e seguidores é complexa e multifacetada. Ao mesmo tempo em que oferece oportunidades de negócios e entretenimento, exige um olhar crítico por parte dos consumidores. Visto que a influência digital se tornou uma força poderosa na sociedade contemporânea, compreender seus mecanismos e impactos é essencial para navegar nesse novo cenário.
Questão 1. No trecho “Inicialmente, esses influenciadores eram apenas usuários comuns compartilhando suas experiências e opiniões. Contudo, à medida que suas audiências cresciam, as marcas perceberam o potencial de utilizar essa influência para promover seus produtos e serviços.”, a relação lógico-discursiva estabelecida pela conjunção “Contudo” é de:
a) Adição.
b) Conclusão.
c) Oposição.
d) Explicação.
e) Causa e consequência.
Questão 2. A expressão “Assim” no trecho “Assim, o marketing de influência se consolidou, tornando-se uma estratégia fundamental para diversas empresas.” estabelece uma relação de:
a) Condição.
b) Comparação.
c) Conclusão/Consequência.
d) Tempo.
e) Oposição.
Questão 3. No trecho “Embora o sucesso de alguns influenciadores seja inegável, gerando milhões em receita, é importante ressaltar que nem todos alcançam esse patamar.”, a conjunção “Embora” introduz uma ideia de:
a) Adição.
b) Conclusão.
c) Explicação.
d) Oposição/Concessão.
e) Causa e consequência.
Questão 4. A conjunção “afinal” no trecho “Os seguidores, afinal, são capazes de identificar quando uma publicidade é puramente comercial, sem conexão com os valores do influenciador.” expressa uma relação de:
a) Tempo.
b) Finalidade.
c) Explicação/Justificativa.
d) Condição.
e) Comparação.
Questão 5. No trecho “Visto que a influência digital se tornou uma força poderosa na sociedade contemporânea, compreender seus mecanismos e impactos é essencial para navegar nesse novo cenário.”, a expressão “Visto que” estabelece uma relação de:
a) Oposição.
b) Conclusão.
c) Causa/Justificativa.
d) Comparação.
e) Condição.
Questão 6. (SAEGO). Leia o texto abaixo.
Dr. Google e seus bilhões de pacientes
Regina Elizabeth Bisaglia, em mais uma consulta de rotina, indicava ao paciente a melhor maneira de cuidar da pressão. Ao mesmo tempo, observava a expressão introspectiva do homem a sua frente. A cardiologista não entendia ao certo a desconfiança em seu olhar, mas começava a presumir o motivo. Logo, entenderia o porquê.
Depois de uma explicação um pouco mais técnica, o senhor abriu um sorriso e o olhar tornou-se mais afável. A médica acabara de falar o que o paciente queria ouvir e, por isso, passava a ser merecedora de sua confiança.
“Entendi. O senhor andou consultando o doutor Google, certo?”, disse, de modo espirituoso, Bisaglia.
A médica atesta: muitas vezes os pacientes chegam ao consultório com o diagnóstico já pronto e buscam apenas uma confirmação. Ou mais: vão ao médico dispostos a testar e aprovar (ou não) o especialista.
“Não adianta os médicos reclamarem. Os pacientes vão à internet pesquisar e isso é um caminho sem volta. Informação errada existe em todos os meios, mas eu diria que muitas vezes é interessante que a pessoa procure se informar melhor”, diz a cardiologista, com mais de 30 anos de profissão.
“Há momentos em que o paciente não confia no que o médico diz ou se faz de desentendido. Nessas horas, é muito importante que ele perceba que existem mais pessoas falando a mesma coisa e passando pelo mesmo problema e que, portanto, é fundamental se cuidar. Nada melhor do que a conversa na rede para isso”, completa a médica.
CAMELO, Thiago. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/02/dr.-google-e-seus-sete-bilhoes-de-pacientes>.
No trecho “... portanto, é fundamental se cuidar.” (último parágrafo), a conjunção destacada introduz uma informação
A) comparativa.
B) conclusiva.
C) condicional.
D) conformativa.
E) contraditória.
Questão 7. (PAEBES). Leia o texto abaixo.
Dr. Google e seus bilhões de pacientes
Regina Elizabeth Bisaglia, em mais uma consulta de rotina, indicava ao paciente a melhor maneira de cuidar da pressão. Ao mesmo tempo, observava a expressão introspectiva do homem a sua frente. A cardiologista não entendia ao certo a desconfiança em seu olhar, mas começava a presumir o motivo. Logo, entenderia o porquê.
Depois de uma explicação um pouco mais técnica, o senhor abriu um sorriso e o olhar tornou-se mais afável. A médica acabara de falar o que o paciente queria ouvir e, por isso, passava a ser merecedora de sua confiança.“Entendi. O senhor andou consultando o doutor Google, certo?”, disse, de modo espirituoso, Bisaglia.
A médica atesta: muitas vezes os pacientes chegam ao consultório com o diagnóstico já pronto e buscam apenas uma confirmação. Ou mais: vão ao médico dispostos a testar e aprovar (ou não) o especialista.
“Não adianta os médicos reclamarem. Os pacientes vão à internet pesquisar e isso é um caminho sem volta. Informação errada existe em todos os meios, mas eu diria que muitas vezes é interessante que a pessoa procure se informar melhor”, diz a cardiologista, com mais de 30 anos de profissão.
“Há momentos em que o paciente não confia no que o médico diz ou se faz de desentendido. Nessas horas, é muito importante que ele perceba que existem mais pessoas falando a mesma coisa e passando pelo mesmo problema e que, portanto, é fundamental se cuidar. Nada melhor do que a conversa na rede para isso”, completa a médica.
CAMELO, Thiago. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/02/dr.-google-e-seus-sete-bilhoes-de-pacientes>
No trecho “... portanto, é fundamental se cuidar.” (último parágrafo), a conjunção destacada introduz uma informação
A) comparativa.
B) conclusiva.
C) condicional.
D) conformativa.
E) contraditória.
Questão 8. (PAEBES). Leia o texto abaixo.
Crônica sem jabuticabas
Estava sentado no fundo do ônibus vazio. Dia ensolarado, trânsito livre, uma brisa amena e improvável lambia a cidade de São Paulo. Férias, dentro e fora de mim. Meus pensamentos iam tão soltos e distantes que já haviam rompido o fino fio que os ligava à minha cabeça: se me perguntassem por onde andavam, não saberia dizer. Foi então que surgiu diante de mim a ideia, nítida e apetitosa: jabuticaba. Há quanto tempo eu não comia uma jabuticaba?
Em poucos quarteirões, passei da distração à obsessão: tinha que comer jabuticabas. Fiquei lembrando da infância na fazenda de um amigo, tardes e tardes no pomar, a árvore cada vez mais branca e o chão cada vez mais preto com as dezenas de cascas espalhadas...
Desci do ônibus na frente de um supermercado. Entrei na enorme loja fazendo um discurso interno sobre as maravilhas da modernidade, todos aqueles itens à minha disposição, num único local: pasta de dentes, suco de caju, tampa de privada, moela de frango, pilhas alcalinas, bacias coloridas, maracujás... morangos... mangas... e as jabuticabas???
Pedi ajuda a um funcionário que passava por ali. Ele me olhou como se meu pedido fosse absurdo, uma excentricidade. Pegou então um radinho e, depois de um breve chiado, soltou: “ô Anderson, você sabe se a gente tem jabuticaba?”. Do outro lado o tal do Anderson respondeu, depois de algum suspense: “Negativo, Jailson, negativo”. Jailson olhou para mim, com certa consternação (não sei se calculada ou sincera) e repetiu, como se eu não tivesse ouvido: “Negativo, senhor”.
Supermercado inútil, repleto de coisas inúteis, nenhuma delas jabuticaba. Saí. Andei alguns quarteirões, achei uma quitanda. Nada por ali também. “Você sabe se eu encontro em algum lugar por aqui? Sabe se é época? Se tem algum mês do ano, assim, que tem jabuticaba e outros que não tem?”. “Olha moço, sei lá, comecei a trabalhar aqui anteontem...”
Fui para casa. Já mais movido pela birra que pelo desejo, vasculhei na internet as prateleiras de todas as redes de supermercados da cidade. Nada. Não havia, na quarta maior metrópole do mundo, na cidade mais rica da América do Sul, uma única, uma mísera jabuticaba. [...]
Naquele instante, o homem ter ido à Lua. Ter clonado uma ovelha, pintado a Capela Cistina, inventado a penicilina, o avião, a pipoca de micro-ondas e todas outras conquistas da civilização... não me valiam de nada, na monumental e incontornável ausência da jabuticaba.
PRATA, Antônio. Disponível em: <http://acrobatadasletras.dihitt.com/n/arte-cultura/2013/02/01/cronica-o-cotidiano-visto-por-olhos-especiais-1>. Fragmento.
De acordo com esse texto, o narrador desceu do ônibus em frente a um supermercado porque queria
A) andar alguns quarteirões.
B) comprar jabuticabas.
C) encontrar um amigo de infância.
D) pedir ajuda a um funcionário.
E) pegar um radinho emprestado.
Questão 9. (SAERO). Leia o texto abaixo e responda.
Esse Eça!
Talvez por ter nascido sem pai, talvez por ter sido um menino solitário, talvez porque ainda não havia televisão nem videogame, ou talvez porque fosse mesmo tímido, logo que pude decifrar as “formiguinhas pretas”, meu lazer passou a ser a leitura. Nada de “estudo”, nada de “busca do saber”. Ler para sonhar, para sentir-me na pele dos protagonistas, para me divertir mesmo.
Quanto dessas leituras habita ainda em mim!
Mas, pulando Lobato e os queridos autores de literatura juvenil, lembro-me de O suave milagre, do escritor português Eça de Queirós. Que impacto! Eu lia e relia o conto, lágrimas, frissons, emoções que acredito nunca mais ter conseguido sentir ao ler um texto. [...] O suave milagre continua como uma das minhas narrativas favoritas. Que conto! Esse Eça!
BANDEIRA, Pedro. Carta Fundamental, fev. 2011. Fragmento.
No trecho “... logo que pude decifrar as ‘formiguinhas pretas’”, a expressão destacada estabelece uma relação
A) condicional.
B) consecutiva.
C) final.
D) modal.
E) temporal.
Questão 10. (SAERO). Leia o texto abaixo e responda.
A ceia
O restaurante era moderno e pouco frequentado, com mesinhas ao ar livre, espalhadas debaixo das árvores. Em cada mesinha, um abajur feito da garrafa projetando sobre a toalha de xadrez vermelho e branco, um pálido círculo de luz.
A mulher parou no meio do jardim.
– Que noite!
Ele lhe bateu brandamente no braço.
– Vamos, Alice... Que mesa você prefere?
Ela arqueou as sobrancelhas.
– Com pressa?
– Ora, que ideia...
Sentaram-se numa mesa próxima ao muro e que parecia a menos favorecida pela iluminação.
Ela tirou o estojo da bolsa e retocou rapidamente os lábios. Em seguida, com gesto tranquilo, mas firme, estendeu a mão até o abajur e apagou-o.
– As estrelas ficam maiores no escuro.
Ele ergueu o olhar para a copa da árvore que abria sobre a mesa um teto de folhagem.
– Daqui não vejo nenhuma estrela.
– Mas ficam maiores.
Abrindo o cardápio, ele lançou um olhar ansioso para os lados. Fechou-o com um suspiro.
– Também não enxergo os nomes dos pratos. Paciência, acho que quero um bife. Você me acompanha?
Ela apoiou os cotovelos na mesa e ficou olhando para o homem. Seu rosto fanado e branco era uma máscara delicada emergindo da gola negra do casaco. O homem se agitou na cadeira.
Tentou se fazer ver por um garçom que passou a uma certa distância. Desistiu. Num gesto fatigado, esfregou os olhos com as pontas dos dedos.
– Meu bem, você ainda não mandou fazer esses óculos? Faz meses que quebrou o outro e até agora...
– A verdade é que não me fazem muita falta.
– Mas a vida inteira você usou óculos.
Ele encolheu os ombros.
– Pois é, acho que agora não preciso mais.
– Nem de mim.
– Ora, Alice...
TELLES, Lygia Fagundes. Antes do baile verde. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 143-144. Fragmento. *Adaptado: ReformaOrtográfica.
No trecho “– Também não enxergo os nomes dos pratos.”, a palavra destacada estabelece uma relação de
A) conclusão.
B) condição.
C) oposição.
D) soma.
E) tempo.
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