D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações - 3º EM
- Nelson Junior

- 10 de ago.
- 10 min de leitura

Hoje, vamos mergulhar em um aspecto crucial da interpretação textual: o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações (descritor D17). Preparem-se para perceber como um simples sinal gráfico pode transformar completamente a mensagem de um texto.
A Pontuação: Mais que Pausas, Expressividade
A pontuação não se resume a indicar pausas na leitura. Ela é um recurso expressivo fundamental, capaz de modular a entonação, o ritmo e, consequentemente, o significado do que se escreve. Vamos explorar alguns sinais e seus efeitos:
Vírgula (,): A vírgula possui diversas funções, mas, em termos de efeito de sentido, destaca-se sua capacidade de isolar elementos, criando ênfases ou nuances. Comparem:
"Não, espere." (Negação enfática seguida de pedido.)
"Não espere." (Ordem direta para não aguardar.)
A presença da vírgula após o "não" na primeira frase altera drasticamente o sentido, transformando uma negação com pedido em uma ordem direta. Outro exemplo:
"Os alunos, estudiosos, foram aprovados." (Ênfase na característica de serem estudiosos.)
"Os alunos estudiosos foram aprovados." (Especifica quais alunos foram aprovados: apenas os estudiosos.)
No primeiro caso, a vírgula isola o aposto "estudiosos", qualificando todos os alunos. No segundo, a ausência da vírgula restringe a aprovação apenas aos alunos que se encaixam nessa descrição.
Ponto Final (.): Indica o fim de uma declaração. Sua presença transmite uma sensação de conclusão e assertividade. A escolha entre frases curtas e longas, combinada com o uso do ponto final, também contribui para o ritmo do texto, podendo torná-lo mais dinâmico ou mais lento e reflexivo.
Ponto de Exclamação (!): Expressa emoção, surpresa, ênfase ou ordem. O uso excessivo, contudo, pode banalizar o efeito, tornando o texto artificial. Observem:
"Que lindo!" (Admiração.)
"Pare imediatamente!" (Ordem enérgica.)
Ponto de Interrogação (?): Indica uma pergunta direta. Sua presença convida o leitor à reflexão ou busca por uma resposta.
Dois Pontos (:): Introduzem uma explicação, enumeração, citação ou consequência. Eles estabelecem uma relação de dependência entre a oração anterior e a seguinte, criando uma expectativa no leitor. Exemplo: "Havia apenas uma solução: fugir."
Ponto e Vírgula (;): Separa orações coordenadas mais extensas ou itens de uma enumeração que já contêm vírgulas. Seu uso confere maior clareza e organização ao texto, evitando ambiguidades.
Aspas (" "): Indicam citação direta, fala de personagens, ironia ou destaque para uma palavra ou expressão. Observem a diferença:
Ele disse que era "inocente". (Ironia ou dúvida quanto à inocência.)
Ele disse que era inocente. (Afirmação direta.)
Parênteses ( ): Inserem informações adicionais, explicações ou comentários. Eles criam uma espécie de "aparte" no texto, permitindo uma digressão sem interromper o fluxo principal.
Travessão (—): Marca o discurso direto, separa orações intercaladas ou indica mudança de interlocutor em um diálogo.
Outras Notações: Enfatizando e Hierarquizando
Além da pontuação, outras notações gráficas também desempenham um papel crucial na construção do sentido:
Itálico: Usado para destacar palavras estrangeiras, títulos de obras, ênfase em palavras ou expressões, ou para indicar pensamentos ou vozes interiores.
Negrito: Utilizado para realçar palavras-chave, títulos ou subtítulos, facilitando a leitura e a compreensão da hierarquia das informações.
A Interação entre Pontuação e Notações:
A combinação estratégica desses recursos potencializa os efeitos de sentido. Por exemplo, o uso de aspas com ponto de exclamação pode intensificar a ironia ou o sarcasmo. A combinação de itálico com aspas pode indicar uma citação de uma língua estrangeira com ênfase.
Dominar o uso da pontuação e das notações é essencial para a interpretação e produção de textos eficazes. Ao analisar um texto, atentem para esses detalhes, pois eles revelam nuances importantes da mensagem. Lembrem-se: a pontuação não é um mero adorno, mas sim um recurso expressivo poderoso que contribui para a construção do sentido.
Fórum: Opinar, compartilhar e refletir
Objetivo: Refletir, opinar e compartilhar percepções sobre como a pontuação (e outras notações) influenciam o sentido de um texto.
1️⃣ Proposta de discussão
Responda à seguinte questão:
"Vamos, estudar agora."
"Vamos estudar agora."
a) Qual a diferença de sentido entre as duas frases?
b) O que a vírgula indica no primeiro exemplo?
c) Você consegue criar outro exemplo em que a mudança na pontuação altere o tom ou a interpretação da frase?
2️⃣ Regras do Fórum
Escreva pelo menos um parágrafo explicando sua interpretação.
Respeite a opinião dos colegas e mantenha o foco no tema.
É permitido postar imagens, quadrinhos ou exemplos reais (de jornais, redes sociais ou livros) para enriquecer a discussão.
Comente ao menos uma postagem de um colega, acrescentando uma observação ou exemplo.
3️⃣ Pontos para refletir nas respostas
Como a vírgula pode mudar o ritmo e o sentido de uma frase?
Que efeito de sentido o ponto de exclamação, o ponto de interrogação ou as aspas podem criar?
Além da pontuação, como outros recursos gráficos (travessão, parênteses, letras maiúsculas) podem modificar a mensagem?
PRATIQUE!
A Polêmica da Inteligência Artificial na Educação
Nova onda tecnológica divide opiniões entre educadores e especialistas.
A inteligência artificial (IA) tem se infiltrado em diversos setores da sociedade, e a educação não é exceção. O surgimento de ferramentas como chatbots avançados, capazes de gerar textos, resolver problemas matemáticos e até mesmo simular conversas humanas, tem gerado um intenso debate sobre o futuro do aprendizado. “É uma revolução”, afirma entusiasmado o professor de tecnologia, Ricardo Alves. “Podemos personalizar o ensino como nunca antes!”.
No entanto, nem todos compartilham desse otimismo. Muitos educadores manifestam preocupações quanto ao uso indiscriminado da IA. “Corremos o risco de robotizar o ensino”, alerta a pedagoga Ana Silva, “e de prejudicar o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos.” A questão central reside na forma como essas ferramentas serão integradas ao processo educativo. Serão utilizadas como meros instrumentos de consulta ou como verdadeiros parceiros no aprendizado?
Uma pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que 75% dos estudantes do ensino médio já utilizam alguma forma de IA para auxiliar nos estudos. O estudo, porém, também apontou para um uso superficial dessas ferramentas, concentrado principalmente na busca por respostas prontas. “Precisamos ensinar os alunos a usar a IA de forma inteligente”, explica o pesquisador Dr. Marcos Oliveira, “não para obter respostas fáceis, mas para desenvolver habilidades de pesquisa, análise e síntese.”
O debate está apenas começando, e a comunidade educacional precisa se preparar para os desafios e as oportunidades que a IA traz. Uma coisa é certa: a tecnologia veio para ficar, e a forma como a utilizaremos definirá o futuro da educação.
Questão 1. No trecho “É uma revolução”, afirma entusiasmado o professor de tecnologia, Ricardo Alves., o uso das aspas indica que:
A) O narrador duvida da fala do professor.
B) O trecho é uma citação literal das palavras do professor.
C) A expressão é usada de forma irônica.
D) O termo "revolução" tem sentido figurado.
E) O narrador interrompe a fala do professor.
Questão 2. Em “Corremos o risco de robotizar o ensino”, alerta a pedagoga Ana Silva, o uso da vírgula antes do verbo alerta serve para:
A) Separar orações coordenadas adversativas.
B) Introduzir a fala do narrador após um discurso direto.
C) Marcar uma enumeração de ideias.
D) Destacar a opinião da pedagoga como secundária.
E) Indicar interrupção brusca no discurso.
Questão 3. No trecho “não para obter respostas fáceis, mas para desenvolver habilidades de pesquisa, análise e síntese”, o uso da vírgula entre pesquisa e análise tem como função:
A) Sinalizar que “pesquisa” é mais importante que os outros elementos.
B) Indicar uma pausa natural de leitura, separando itens de uma enumeração.
C) Marcar oposição entre os elementos.
D) Substituir uma conjunção aditiva.
E) Destacar que cada habilidade é irrelevante.
Questão 4. No trecho “Podemos personalizar o ensino como nunca antes!”, o uso do ponto de exclamação contribui para:
A) Demonstrar que a frase é uma dúvida.
B) Transmitir entusiasmo e intensidade à afirmação.
C) Sugerir ironia no discurso.
D) Enfatizar uma crítica ao ensino tradicional.
E) Indicar que a frase é incompleta.
Questão 5. Na frase “O debate está apenas começando, e a comunidade educacional precisa se preparar para os desafios e as oportunidades que a IA traz.”, o uso da vírgula antes do “e” ocorre para:
A) Separar orações independentes com sujeitos diferentes.
B) Marcar inversão da ordem natural da frase.
C) Separar elementos de mesma função gramatical.
D) Indicar pausa obrigatória sempre que houver a conjunção “e”.
E) Dar ênfase à segunda parte da frase por meio de uma pausa rítmica.
(MAISIDEB). Leia o texto a seguir e responda:
O gelo na Antártica está aumentando ou diminuindo?
[...] o gelo da Antártica está aumentando e diminuindo ao mesmo tempo. Explica-se: a camada que está mais perto do ponto de fusão (o gelo mais quente) e fica mais ao norte do continente está derretendo de maneira relativamente rápida. “No entanto, isso representa menos de 2% do volume de gelo do continente. Enquanto isso, o gelo do manto, muito frio, algumas vezes abaixo de – 40 °C, está aumentando.
Conforme a atmosfera e o oceano estão aquecendo, mais água evapora e chega como neve ao interior do continente. Ou seja, um aquecimento global levará ao aumento de gelo na maior parte da Antártica. O ativista, Guarany Osório, coordenador da Campanha de Clima do Greenpeace, não é tão otimista assim. Ele cita o caso da plataforma de gelo Wilkins, de cerca de 14 mil km2, que está prestes a se depreender da Península Antártica.
Atualmente, o bloco – “do tamanho da Jamaica”, compara Osório – é mantido por uma faixa de gelo de apenas 40 km de largura.
Galileu. abr. 2009 n. 213, p. 33.
Questão 6. No trecho “Explica-se: a camada que está...” (1° parágrafo), os dois pontos foram empregados para:
A) examinar um dado.
B) definir um conceito.
C) questionar um dado.
D) acrescentar um argumento.
E) introduzir um esclarecimento.
(PAEBES). Leia o texto abaixo.
Celular na sala de aula: o desafio de estar inteiro
Manter a atenção de um aluno durante a aula tornou-se tarefa quase impossível para os professores diante da concorrência desleal dos celulares que dão acesso a redes sociais e a um divertido mundo digital.
A questão do celular em sala de aula hoje não está mais centrada no inconveniente do ruído ao se receber uma ligação. O problema não é simplesmente se o aluno pode ou não conversar ao celular. Aliás, a geração atual pouco fala ao celular. Silenciosamente, olhos e dedos percorrem e tateiam as telas dos smartphones, enquanto o professor fala ou orienta alguma atividade, numa dispersão que nem sempre é ruidosa ou barulhenta. O silêncio e a apatia durante a aula podem ser decorrentes exatamente da absorção no uso de aplicativos para troca de mensagens.
Para muitos, a solução é impedir a entrada desses aparelhos em sala de aula. Parece-me, no entanto, que a questão não é proibir o celular nem liberar seu uso indistintamente durante as aulas.
Se o celular pode desconectar o aluno da aula, ele também pode servir como recurso para conectar pessoas e informações ao contexto da aula. De forma planejada e orgânica, as funcionalidades e os recursos do celular podem integrar a aula e possibilitar a realização de atividades que demandam pesquisa de dados e informações, registro de imagens e sons, auxílio na realização de cálculos, etc.
Até mesmo em atividades fora da escola, o celular pode permitir facilmente o registro, o armazenamento e o compartilhamento de ações, procedimentos, imagens, informações e impressões, como numa visita guiada em que os alunos vão anotando e gravando no aparelho o desenvolvimento e a avaliação da atividade.
É claro que a intensidade, conveniência e eficiência da utilidade do celular como recurso didático precisam levar em conta a faixa etária dos alunos e a pertinência do conteúdo ou atividade desenvolvida. Não se trata, portanto, de seguir um imperativo do uso do celular em toda aula e durante todo o tempo. [...]
Lembrando os versos de Fernando Pessoa (“Sê todo em cada coisa. Põe quanto és/ No mínimo que fazes”), é preciso promover e garantir a presencialidade do aluno durante a aula, valendo-se, inclusive, do uso didático-pedagógico do celular.
SALDANHA, Luís Cláudio Dallier. Disponível em: <http://www.tribunademinas.com.br/celular-na-sala-de-aula-o-desafio-de-estar-inteiro/>. Fragmento.
Questão 7. No último parágrafo desse texto, os parênteses foram usados para
A) apresentar uma indicação de leitura.
B) incluir um dado informativo.
C) inserir uma correção.
D) mostrar um trecho de uma obra.
E) realçar uma informação.
(PAEBES). Leia o texto abaixo.
Inés Bortagaray capta singularidade de relações familiares em livro
A escritora uruguaia Inés Bortagaray (1975), nascida em Salto Oriental – a mesma cidade do contista Horacio Quiroga (1878-1937) –, acaba de fazer sua estreia no Brasil. Um, Dois e Já guarda com o conterrâneo a preferência pela brevidade e a oscilação entre o realismo e o devaneio. Bortagaray conta a história de uma viagem de férias em família, na virada dos anos 70 para os 80, no Uruguai, numa perspectiva infantil. No banco da frente, o pai e a mãe; atrás, os quatro filhos ainda pequenos, disputando o direito à janela. A narradora do relato é personagem secundária da história que conta: entre os irmãos, ela é a segunda mais jovem. A particularidade está no modo de narrar. O livro é composto de uma série de episódios ou quadros entrecortados pelo adormecimento da menina [...], por uma lembrança. Tudo contado com delicadeza e lirismo. [...]
Em meio aos devaneios da garota, o leitor percebe os ecos da história da época: a guerra das Malvinas, a ditadura uruguaia e o gosto do irmão mais velho pela política. Tudo dito de modo sutil, como se houvesse no livro não apenas uma linguagem e um olhar infantis, mas também uma escuta de criança, com o que isso implica de astúcia e ingenuidade. Ao terminar as breves páginas que compõem o relato, fica a imagem da jovem se confrontando com o mundo com os recursos de que dispõe: sua imaginação, sua capacidade de negociação, suas pernas feias e sua família. [...]
A autora capta das relações familiares o que elas têm de singular: o afeto que se manifesta como zelo ou agressividade, de modo imprevisível. O episódio que melhor demonstra isso é quando todos se reúnem para uma foto, e para tanto testam o disparo automático da câmera. Depois de ficarem tensos diante do olho eletrônico, se dispersam: “Todos respiramos e nos soltamos rapidamente e vamos andando para o carro com algo de pudor e algo de carinho”.
BEZERRA, Wilson Alves. Disponível em: <http://migre.me/qjuPz>. *Adaptado para fins didáticos. Fragmento.
Questão 8. No último parágrafo desse texto, as aspas foram usadas para
A) apresentar uma transcrição.
B) expressar um comentário.
C) indicar uma explicação.
D) marcar uma crítica.
E) reforçar um conceito.
(SPAECE). Leia o texto abaixo.
O eco e a vida: um conto de paz
Certo dia os inimigos se encontraram em uma esquina da vida. Eram dois e viviam batendo de frente. Raiva, impasse e intriga.
O primeiro dobrou uma rua. O outro, curvou na que estava, deu uns poucos passos e pensou:
– Não é possível que isso vá ficar assim... Não, não vou deixar barato. Deu meia volta e começou a seguir o outro, até que este saiu fora da cidade, que ficava entre árvores e montes, ladeada por serras. Queria pegá-lo só para que não houvesse testemunhas.
E o outro gritou enraivecido:
– Ei, rapaz!
E o eco ecoou:
– Paz... Paz... Paz...
O primeiro olhou para traz com um sorriso nos lábios e outro no coração. Avistou, ao longe, aquele que lhe interveio e, querendo confirmar o que seus ouvidos ouviram, perguntou em tom ameno, coisa que há muito tempo não existia entre os dois.
– Tá falando comigo?
E o eco ecoou:
– Amigo... migo... migo...
E o outro, perdido naquilo que seria o seu elemento surpresa, respondeu brandamente e com certa comoção:
– Não, é que eu te vi agora há pouco e queria te perguntar...
E começaram a dialogar, como há muito tempo não faziam.
MOREIRA, Maria Aparecida Antunes. Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/datas-comemorativas/amizade/artigo-amizade-o-eco-e-a-vida-um-conto-de-paz.php>.
Questão 9. No trecho “– Paz... Paz... Paz...” (7° parágrafo), as reticências foram usadas para
A) demonstrar monotonia.
B) destacar o uso de uma expressão.
C) indicar o prolongamento do som do eco.
D) marcar a continuidade de uma ação.
E) sugerir surpresa.



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