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D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto - 9 ano

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Sejam bem-vindos a mais uma aula preparatória. Hoje, vamos mergulhar no universo das marcas linguísticas, um conceito fundamental para a interpretação de textos. Nosso foco será o Descritor D13: Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.


O que são Locutor e Interlocutor?

Antes de tudo, vamos relembrar quem são essas figuras:

Locutor: É quem produz a mensagem, quem fala ou escreve. É a "voz" do texto.

Interlocutor: É quem recebe a mensagem, para quem a mensagem é direcionada. É o "ouvinte" ou "leitor" do texto.

O que são Marcas Linguísticas?

As marcas linguísticas são as "pistas" presentes no texto que nos ajudam a identificar características do locutor e do interlocutor, como:

  • Tipo de linguagem: Formal ou informal.

  • Vocabulário: As palavras escolhidas.

  • Tom da mensagem: Sério, engraçado, irônico, etc.

  • Expressões regionais: Gírias e expressões típicas de uma região.

  • Nível de escolaridade: Refletido na complexidade da linguagem.

  • Intenção do locutor: Informar, convencer, emocionar, etc.


Vamos analisar alguns exemplos para entender melhor como identificar as marcas linguísticas:


(Linguagem Informal):

"E aí, galera! Beleza? A festa tava irada ontem, né? Mó galera, música top, mó astral..."

Marcas linguísticas: Gírias como "e aí", "irada", "mó", "top", "mó astral" evidenciam uma linguagem informal, provavelmente entre amigos ou pessoas próximas. O interlocutor esperado é alguém do mesmo grupo social do locutor.

(Linguagem Formal):

"Senhor Presidente, cumpre-me informar que a reunião foi adiada devido a imprevistos de ordem maior. Solicitamos a compreensão de Vossa Excelência."

Marcas linguísticas: O uso de pronomes de tratamento como "Senhor Presidente" e "Vossa Excelência", além de um vocabulário mais rebuscado ("cumpre-me informar", "imprevistos de ordem maior"), indicam uma linguagem formal, utilizada em contextos oficiais ou entre pessoas que não têm intimidade. O interlocutor esperado é uma autoridade ou alguém que exige respeito e formalidade.

(Linguagem com Expressões Regionais):

"Ô, meu rei, chegue mais! Bote um acarajé pra gente arretar o bucho! "

Marcas linguísticas: Expressões como "meu rei" (comum na Bahia), "arretar o bucho" (expressão nordestina para saciar a fome) revelam a origem regional do locutor e direcionam a mensagem para um interlocutor que compreenda essas expressões.

 

Marcas Linguísticas: As Pistas da Comunicação

As marcas linguísticas são as pistas deixadas pelo autor (locutor) que mostram quem fala, para quem fala e com qual intenção.-

Tipo de marca linguística

Exemplos

O que indica

Pronomes pessoais

eu, nós, você, vocês

mostram as pessoas envolvidas na comunicação

Vocativos (chamadas diretas)

amigo, turma, senhor, mãe

indicam para quem o texto é direcionado

Verbos no modo imperativo ou indicativo

estude, leia, quero, informamos

expressam a intenção de quem fala (ordem, pedido, aviso)

Expressões de saudação ou despedida

olá, oi, atenciosamente, abraços

revelam o tom e o tipo de relação

Adjetivos e substantivos afetivos

querido, prezado, amado, estimado

indicam respeito, carinho ou formalidade

Interjeições

atenção!, opa!, ei!, nossa!

marcam envolvimento emocional e interação direta

 

 

Por que é importante identificar o locutor e o interlocutor?

Saber quem fala e para quem se fala é essencial para compreender o sentido do texto. Essas informações ajudam o leitor a entender a intenção comunicativa, isto é, o propósito de quem escreve.

 

#ficaadica — Como localizar rapidamente locutor e interlocutor

  • a) Olhe para pronomes e verbos

    • 1ª pessoa → geralmente marca o locutor (“eu”, “nós”, “penso”, “venho informar”)

    • 2ª pessoa ou forma de tratamento → o interlocutor (“você”, “senhores”, “alunos”, “querido leitor”)

  • b) Busque vocativos

    • “Prezados pais”, “Você aí!”, “Cara sociedade”, “Minha filha” → indicam o alvo da fala

  • c) Pergunte-se sempre:

Quem está falando?

A partir de qual lugar social fala (autoridade, jovem, jornal, igreja etc.)?

Para quem a fala é dirigida e com que expectativa de resposta?

  • d) Contextos especiais exigem atenção

    • Entrevistas (há dois ou mais locutores alternando)

    • Charges e anúncios (imagem + texto também marcam quem fala e para quem)

    • Textos institucionais (a instituição fala “em nome de” alguém)

 

 Como aplicar isso na interpretação de textos?

Identificar as marcas linguísticas é crucial para:

  • Compreender o contexto da comunicação: Entender a situação em que a mensagem foi produzida.

  • Inferir as características do locutor e do interlocutor: Descobrir informações sobre quem fala e para quem se fala.

  • Interpretar a intenção do autor: Compreender o objetivo da mensagem.

  • Analisar criticamente os textos: Avaliar a adequação da linguagem ao contexto.

 

Dominar a identificação das marcas linguísticas é uma habilidade essencial para a interpretação textual. Ao prestar atenção nas "pistas" presentes nos textos, você se tornará um leitor mais crítico e perspicaz.

 

Lembre-se: a linguagem revela muito sobre quem a utiliza e para quem ela se destina.

Fórum: Opinar, compartilhar e refletir


Como saber quem fala e para quem essa fala é dirigida em um texto?

O descritor D13 avalia nossa habilidade de identificar marcas linguísticas que mostram quem é o locutor (quem fala) e quem é o interlocutor (para quem a fala é dirigida). Isso aparece por meio de pistas como: pronomes (“eu”, “você”, “nós”), verbos no imperativo (“leia”, “observe”), vocativos (“querido leitor”, “amigos”), e marcas de opinião ou ordem que revelam a posição de quem fala.


💬 Proposta de Debate

1) Leia o trecho abaixo:

“Querido aluno, antes de iniciar sua prova, certifique-se de que preencheu corretamente seu nome no cabeçalho. Boa avaliação!”

Agora responda no fórum:

  • a) Quem é o locutor? Justifique com base nas marcas linguísticas.

  • b) Quem é o interlocutor? Que pistas do texto ajudam a identificar?

  • c) Que outra forma de vocativo poderia ser usada nesse trecho para manter o mesmo interlocutor? (Ex.: “prezado candidato”, “estudante”, etc.)


🧾 Orientações para o Post

  • Escreva um parágrafo único, objetivo e claro.

  • Cite ao menos duas marcas linguísticas para justificar sua resposta.

  • Leia respostas de colegas e comente em pelo menos 1 postagem dizendo se concorda e por quê (sempre com respeito e justificativa).


🎯 Objetivo do Fórum

Exercitar a habilidade de reconhecer as marcas que revelam quem fala e para quem o texto se dirige — competência essencial para interpretar intenções e contextos comunicativos.

PRATIQUE!

Um Convite Surpreendente

Era uma tarde tranquila quando Ana recebeu uma mensagem inesperada. O celular vibrou em sua mão, e ela abriu o aplicativo de mensagens para ler:

"Oi, Ana! Tudo bem? Espero que sim! Lembrei que você ama café e livros. Que tal tomarmos um café e conversarmos sobre aquele clube do livro que você mencionou outro dia? Ah, e fique tranquila, é por minha conta. 😊 Abraços, Lucas."

Ana sorriu. A linguagem casual e o emoji no final da mensagem deixavam claro que Lucas era alguém próximo, provavelmente um amigo. Além disso, o convite refletia interesse e preocupação com os gostos dela.

No entanto, no mesmo dia, Ana também recebeu outro convite, dessa vez por e-mail:

"Prezada Srta. Ana,
Venho, por meio deste, convidá-la para participar de uma palestra sobre literatura contemporânea, que ocorrerá no próximo sábado, às 14h, na Biblioteca Central. Teremos o prazer de contar com sua presença, pois acreditamos que sua experiência enriquecerá o evento.
Atenciosamente,Mariana Silva. Organizadora do Evento"

Aqui, a linguagem formal, o uso de pronomes de tratamento como "Prezada Srta." e o tom respeitoso demonstravam que o interlocutor era alguém em um contexto profissional ou acadêmico. Ambos os convites revelavam muito sobre os locutores e seus interlocutores. A escolha de palavras, o tom e os detalhes do contexto forneciam pistas claras sobre quem falava e para quem a mensagem era direcionada.


Com base no texto, identifique as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de cada mensagem.


Questão 1. Qual alternativa descreve corretamente as marcas linguísticas e o contexto de cada mensagem?

A) A primeira mensagem usa linguagem formal e é destinada a um interlocutor desconhecido, enquanto a segunda utiliza linguagem informal, direcionada a um amigo próximo.

B) A primeira mensagem utiliza uma linguagem informal e expressa proximidade, enquanto a segunda usa linguagem formal, adequada a um contexto profissional.

C) Ambas as mensagens utilizam linguagem informal, mas se diferenciam no tom e no objetivo.

D) Ambas as mensagens utilizam linguagem formal, mas têm interlocutores com níveis de escolaridade diferentes.


Questão 2. Leia o texto a seguir.


Pressa

Só tenho tempo pras manchetes no metrô

E o que acontece na novela alguém me conta no corredor. Escolho os filmes que eu não vejo no elevador.

Pelas estrelas que eu encontro na crítica do leitor

Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa.

Mas nada tanto assim.

Eu me concentro em apostilas coisa tão normal

Leio os roteiros de viagem enquanto rola o comercial conheço quase o mundo inteiro por cartão-postal

Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal

Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa

mas nada tanto assim.

Bruno & Leoni Fortunato. Greatest Hits’80. WEA.


É possível identificar a presença da linguagem informal no trecho

A) “E o que acontece na novela/alguém me conta no corredor”.

B) “Escolho os filmes que eu não/vejo no elevador”.

C) “Leio os roteiros de viagem/enquanto rola o comercial”.

D) “Conheço quase o mundo inteiro/por cartão-postal”.


Questão 3. Observe a imagem abaixo.


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Roberto Krol.


A fala do homem causa estranhamento ao outro surfista

A) devido ao uso excessivo de palavras estrangeiras.

B) pelo uso da linguagem formal, inadequada à situação.

C) por conta de sua maneira grosseira e indelicada de falar.

D) por ser uma linguagem informal, cheia de gírias.


Questão 4. Leia o texto a seguir.

Lorelai:

Era tão bom quando eu morava lá na roça. A casa tinha um quintal com milhões de coisas, tinha até um galinheiro. Eu conversava com tudo quanto era galinha, cachorro, gato, lagartixa, eu conversava com tanta gente que você nem imagina, Lorelai. Tinha árvore para subir, rio passando no fundo, tinha cada esconderijo tão bom que a gente podia ficar escondida a vida toda que ninguém achava. Meu pai e minha mãe viviam rindo, andavam de mão dada, era uma coisa muito legal da gente ver. Agora, tá tudo diferente: eles vivem de cara fechada, brigam à toa, discutem por qualquer coisa. E depois, toca todo mundo a ficar emburrando. Outro dia eu perguntei: o que é que tá acontecendo que toda hora tem briga? Sabe o que é que eles falaram? Que não era assunto para criança. E o pior é que esse negócio de emburramento em casa me dá uma aflição danada. Eu queria tanto achar um jeito de não dar mais bola pra briga e pra cara amarrada. Será que você não acha um jeito pra mim?


Um beijo da Raquel. […]

NUNES, Lygia Bojunga. A Bolsa Amarela – 31ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998


O texto acima foi escrito em linguagem informal, como pode ser comprovado pelo uso da palavra

A) aflição.

B) emburramento

C) esconderijo.

D) galinheiro


Questão 5. Leia o texto abaixo.


Poema

Oh! Aquele menininho que dizia

“Fessora, eu posso ir lá fora?”

Mas apenas ficava um momento

Bebendo o vento azul…

Agora não preciso pedir licença a ninguém.

Mesmo porque não existe paisagem lá fora:

Somente cimento.

O vento não mais me fareja a face como um cão amigo…

Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.


QUINTANA, Mário.


(TSA) A palavra “Fessora” é um exemplo de linguagem:

A) culta.

B) científica.

C) informal.

D) padrão.


Questão 6. Leia os textos.


TEXTO I

Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1904


Meu caro Nabuco,


Tão longe, em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou logo a sua simpatia por um telegrama. Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo. Aqui me fico, por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina. Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará. Não posso, meu caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe. Aceite este abraço do triste amigo velho.


Machado de Assis


TEXTO II

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Fonte: SOARES, N. Falecimento. 12 de out. 2019.


A principal variação linguística que diferencia os textos I e II é a variação

A) geográfica, pois cada texto apresenta uma forma regional da Língua Portuguesa, mostrando que os autores são de lugares diferentes do Brasil.

B) histórica, pois os textos apresentam formas antigas e atuais da Língua Portuguesa.

C) situacional, pois os textos apresentam situações comunicativas diferentes, nas quais os interlocutores não têm o mesmo grau de proximidade.

D) social, pois cada foi escrito por pessoas de classes sociais diferentes.


Questão 7. Em relação à variedade linguística, é possível afirmar que o texto utiliza a linguagem

A) artificial, própria dos meios de comunicação digital.

B) formal, adequada ao conteúdo da mensagem.

C) informal, apropriada ao contexto comunicativo no qual foi produzido.

D) regional, típica do ambiente no qual foi produzido.


Questão 8. Leia a tinha a seguir e responda à questão.


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A expressão “Me disseram”, no início do terceiro quadrinho, é um exemplo de linguagem

A) formal.

B) regional.

C) informal.

D) padrão.


Questão 9. Leia e resolva.


MIAU, MIAU, MIAU

Contaram-me esta fábula moderna, que achei “pra lá de ótima”. Com a devida licença, conto para vocês. Mas vou logo explicando que o amigo que me contou essa história, não se lembra quem lhe contou, e que não inventei nada, vou escrevê-la da maneira que ouvi.

O ratinho na toca e do lado de fora o gato:

— Miau, miau, miau…

O tempo passava e do lado de fora o gato continuava:

— Miau, miau, miau…

Depois de passadas muitas horas e já com muita fome o rato ouviu:

— Au! Au! Au!

Então deduziu: “Se tem cachorro lá fora, o gato foi embora”. Mal terminou sua dedução, saiu disparado em busca de comida.

Nem bem saiu da toca, o gato, Crau!

Inconformado, já na boca do gato, perguntou:

— Pô gato! Que sacanagem e essa????

E o gato respondeu:

— Meu filho, hoje, nesse mundo “globalizado”, quem não fala, pelo menos, dois idiomas… morre de fome.

Ricardo Sérgio. Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/fabulas/4323748


Na expressão: “— Pô gato! Que sacanagem e essa????”, há uma linguagem

A) regional.

B) com gíria.

C) com jargão.

D) caipira.


Questão 10. Leia e responda:

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Na fala de Armandinho “…por que você trouxe isso pra casa?”, a palavra grifada é um exemplo de linguagem

A) coloquial.

B) caipira.

C) regional.

D) formal.

Gabarito

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