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D10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa - 3º EM

Atualizado: 8 de mai.


Sejam bem-vindos a mais uma aula do nosso curso preparatório. Hoje, mergulharemos no universo da narrativa para desvendar um elemento crucial: o conflito gerador. Compreender o conflito e sua interação com os outros componentes da narrativa é essencial para a interpretação textual e, consequentemente, para o sucesso nas avaliações.


O que é o Conflito Gerador?

Imagine uma história sem nenhum problema, sem nenhuma tensão. Provavelmente, seria uma narrativa monótona e sem graça. O conflito gerador é exatamente o elemento que injeta essa tensão na trama, é a força motriz que impulsiona a ação e motiva as personagens. É a "pedra no sapato" que precisa ser resolvida, o desafio a ser superado, o nó que precisa ser desatado. Em outras palavras, é a situação-problema que desencadeia a narrativa.


Tipos de Conflito

Os conflitos podem se manifestar de diversas formas:

  • Conflito Interno (Homem vs. Ele Mesmo): Ocorre dentro da personagem, uma luta entre seus desejos, crenças, valores ou emoções conflitantes. Um exemplo seria um personagem que precisa tomar uma decisão difícil que vai contra seus princípios.

  • Conflito Externo: Envolve a personagem em uma luta contra uma força externa. Podemos subdividi-lo em:

    • Homem vs. Homem: Conflito entre duas ou mais personagens, como uma rivalidade ou uma disputa.

    • Homem vs. Natureza: Conflito da personagem contra forças naturais, como uma tempestade, um animal selvagem ou uma doença.

    • Homem vs. Sociedade: Conflito da personagem contra as normas, instituições ou valores da sociedade em que vive.

    • Homem vs. Sobrenatural: Conflito da personagem com forças além da compreensão humana, como fantasmas, deuses ou entidades místicas.


A Interação com os Elementos da Narrativa

O conflito gerador não existe isoladamente. Ele se relaciona intrinsecamente com os outros elementos que compõem a narrativa:

  • Personagens: As personagens são os agentes do conflito. Suas ações, reações e motivações são diretamente influenciadas pelo conflito. O conflito revela as características das personagens, seus valores e sua capacidade de superação.

  • Espaço: O espaço, tanto físico quanto social, pode influenciar o conflito. Um ambiente hostil, por exemplo, pode intensificar o conflito entre a personagem e a natureza.

  • Tempo: O tempo, tanto cronológico quanto psicológico, também se relaciona com o conflito. A urgência do tempo pode aumentar a tensão do conflito, enquanto a passagem do tempo pode trazer mudanças nas personagens e na forma como lidam com o conflito.

  • Narrador: A perspectiva do narrador influencia a forma como o conflito é apresentado ao leitor. Um narrador onisciente, por exemplo, pode revelar os pensamentos e sentimentos de todas as personagens envolvidas no conflito, enquanto um narrador em primeira pessoa apresenta uma visão mais subjetiva.

  • Enredo: O enredo é a sequência de eventos que compõem a narrativa. O conflito gerador é o ponto de partida do enredo, desencadeando a ação e conduzindo a história até o clímax e o desfecho.


Em "Dom Casmurro", de Machado de Assis, o conflito gerador é a dúvida de Bentinho sobre a suposta traição de Capitu. Esse conflito interno o consome, influenciando suas ações, suas relações e sua percepção da realidade. O espaço (Rio de Janeiro do século XIX), o tempo (a passagem da adolescência para a vida adulta) e o narrador (o próprio Bentinho, com sua visão subjetiva) contribuem para a construção e a intensificação desse conflito. O enredo se desenvolve a partir dessa dúvida, culminando no afastamento definitivo entre Bentinho e Capitu.


Identificar o conflito gerador é fundamental para compreender a mensagem da narrativa e a forma como ela é construída. Ao analisar um texto narrativo, procure identificar a situação-problema central e como ela se relaciona com as personagens, o espaço, o tempo, o narrador e o enredo. Essa análise aprofundada permitirá uma interpretação mais completa e significativa da obra.

Fórum: Opinar, compartilhar e refletir

📘 Orientações para sua participação no fórum

Nesta atividade, vamos explorar um dos elementos mais importantes da narrativa: o conflito gerador. Para isso, você deverá refletir sobre uma narrativa conhecida e analisar como o conflito impulsiona os acontecimentos e constrói o sentido da obra.


1. Escolha uma narrativa que você já leu ou assistiu (pode ser um conto, romance, filme, série ou até uma história em quadrinhos).


2. Elabore uma resposta com, no mínimo, 10 linhas, respondendo às seguintes perguntas:

  • Qual é o conflito gerador dessa narrativa?

  • O conflito é interno (Homem vs. ele mesmo) ou externo (Homem vs. outro, natureza, sociedade ou sobrenatural)? Justifique.

  • Como esse conflito interfere nas ações das personagens e no desenvolvimento do enredo?

  • De que forma o tempo, o espaço e o narrador contribuem para a intensificação do conflito?


💬 Interação obrigatória com colegas:

Após publicar sua análise, leia a resposta de pelo menos um(a) colega e comente:

  • Você percebeu o mesmo tipo de conflito que ele(a)?

  • Há outro olhar possível sobre o conflito ou sobre a perspectiva do narrador?

PRATIQUE!


A Ilha da Desconfiança: Uma Reportagem sobre Conflito e Isolamento

A pequena ilha de Farol do Norte, outrora um paraíso de união e tradição pesqueira, vive sob o peso de uma sombra: a desconfiança. Há três meses, uma série de desaparecimentos de peixes nas redes dos pescadores locais começou a gerar um clima de suspeita entre os habitantes. O que antes era uma comunidade unida pela labuta no mar e pelas festas comunitárias, agora se divide em grupos que se acusam mutuamente.


A crise teve início quando as redes de Jonas, um pescador experiente e respeitado na ilha, começaram a voltar vazias. Logo, outros pescadores relataram o mesmo problema. A princípio, cogitou-se uma mudança na rota dos peixes ou até mesmo um fenômeno natural. No entanto, a persistência do problema e a coincidência de afetar principalmente os pescadores mais bem-sucedidos alimentaram a teoria de sabotagem.


A desconfiança se intensificou com o surgimento de boatos e acusações anônimas. Velhas rivalidades entre famílias de pescadores ressurgiram, e a atmosfera na ilha se tornou tensa. As conversas nos bares e nas ruas se transformaram em debates acalorados, permeados por suspeitas e rancores. Até mesmo os laços familiares foram abalados, com irmãos e pais e filhos evitando o contato.


Dona Maria, matriarca de uma das famílias mais antigas da ilha, lamenta a situação: “Nunca imaginei ver Farol do Norte assim. É como se uma doença invisível tivesse contaminado nossos corações”. O isolamento se tornou uma consequência inevitável. Os pescadores passaram a trabalhar sozinhos, evitando a companhia uns dos outros no mar. As festas e os encontros comunitários foram cancelados, e o silêncio tomou conta da ilha.


O conflito gerador dessa situação – a perda inexplicável dos peixes – desencadeou uma série de outros conflitos, principalmente do tipo “Homem vs. Homem” e “Homem vs. Sociedade”. A luta pela sobrevivência e a busca por um culpado transformaram a comunidade em um campo de batalha, onde a confiança mútua foi a principal vítima. O espaço insular, que antes proporcionava união, agora intensifica o isolamento e a sensação de claustrofobia. O tempo, com a persistência do problema, só agrava a situação. O narrador, ao relatar os fatos, busca apresentar uma visão panorâmica da situação, mostrando os diferentes lados da história e os impactos do conflito na vida dos habitantes da ilha.


A resolução desse conflito é incerta. Resta saber se os habitantes de Farol do Norte conseguirão superar a desconfiança e reconstruir os laços que os uniam, ou se a ilha continuará refém desse clima de tensão e isolamento.


Questão 1. O conflito gerador da narrativa “A Ilha da Desconfiança” é:

a) A falta de recursos financeiros na ilha.

b) A disputa por melhores pontos de pesca.

c) O desaparecimento inexplicável dos peixes nas redes dos pescadores.

d) A rivalidade entre as famílias de pescadores.

e) O isolamento geográfico da ilha.


Questão 2. O conflito predominante na narrativa, considerando a tipologia estudada, é:

a) Homem vs. Natureza.

b) Homem vs. Sobrenatural.

c) Homem vs. Ele Mesmo.

d) Homem vs. Homem e Homem vs. Sociedade.

e) Homem vs. Tempo.


Questão 3. Como o espaço físico da ilha influencia o conflito?

a) Facilita a comunicação e a resolução dos problemas.

b) Intensifica o isolamento e a sensação de claustrofobia.

c) Não exerce nenhuma influência sobre o conflito.

d) Proporciona um ambiente de paz e harmonia.

e) Estimula a união e a cooperação entre os habitantes.


Questão 4. Qual a consequência direta do conflito na vida dos habitantes da ilha?

a) O aumento da produção de peixes.

b) A intensificação dos laços familiares.

c) A realização de grandes festas comunitárias.

d) O isolamento e o cancelamento dos encontros comunitários.

e) A busca por novas formas de trabalho na ilha.


Questão 5. O narrador da reportagem busca apresentar:

a) Uma visão parcial e subjetiva dos acontecimentos.

b) Uma defesa apaixonada de um dos lados do conflito.

c) Uma visão onisciente e panorâmica da situação, mostrando os diferentes lados da história.

d) Uma crítica severa à postura dos pescadores mais antigos.

e) Uma exaltação da vida isolada na ilha.


Questão 6. (SAEPE). Leia o texto abaixo.

 

Maneira de amar

O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.

Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Maneira de amar. In: Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 52.

 

O conflito dessa narrativa se inicia com

A) a antipatia do girassol pelo jardineiro.

B) a ausência de comentários das outras flores.

C) a recusa do girassol em voltar-se para a luz.

D) o diálogo do jardineiro com as flores.

E) o relacionamento entre o gerânio e o jardineiro.

 

Questão 7. (SAEGO). Leia o texto abaixo.  

 

O mágico de araque e a nuvem de traque

Estudar com o irmão na mesma escola tem vantagens e desvantagens... [...]

Foi numa manhã fria e ensolarada de outono em que tudo aconteceu. Naquela sexta, na hora do intervalo, havia um clima estranho no ar: a movimentação no pátio da escola era grande e um menino-sanduíche zanzava de um lado a outro, carregando um cartaz que anunciava O Grande Houguini: o maior ilusionista de todos os tempos.

Houguini? Aquilo me cheirava mal, muito mal... Dez e cinco: uma multidão começou a se aglomerar na quadra. Por causa da importância do evento, as partidas de futebol foram suspensas e uma pequena confusão teve início na disputa pelos melhores lugares. Para os professores, foram reservados até camarotes. Os bedéis formavam um cordão de isolamento entre o público e o han-han – mágico.

Temendo o pior, achei melhor me esconder atrás de uma árvore. Dito e feito: o Hugo apareceu vestido com uma capa preta, gravata-borboleta e cartola. Ninguém aplaudiu a entrada do mágico; a plateia estava bestificada. De repente, surpreendi olhares vindos em direção à pata-de-vaca, já quase sem folhas. Os que não aprenderam que era feio apontar para os outros, levantavam o indicador, sem piedade para mim.

Silêncio total. O pobre menino ainda vestia a propaganda e comia um sanduíche gordurento pra chuchu. O menino-sanduíche havia sido sorteado entre os alunos da 2ª série e a Ingrid, a menina mais bonita da escola, fora convencida pelo melhor amigo do meu irmão a participar como ajudante do mágico. [...]

CAMARGO. Maria Amália. Carta fundamental. Abr. 2011. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento. 

 

Nesse texto, a história é narrada sob o ponto de vista

A) do irmão de Hugo.

B) de Ingrid.

C) do melhor amigo de Hugo.

D) de Hugo.

E) do menino-sanduíche.

 

Questão 8. (AREAL). Leia o texto abaixo.  

 

Capítulo 26 – O autor hesita

 

Súbito, ouço uma voz: – Olá, meu rapaz, isto não é vida! Era meu pai, que chegava com duas propostas na algibeira. Sentei-me no baú e recebi-o sem alvoroço. [...]

– [...] Demais, trago comigo uma ideia, um projeto, ou... sim, digo-te tudo; trago dois projetos, um lugar de deputado e um casamento. Meu pai disse isto com pausa, e não no mesmo tom, mas dando às palavras um jeito e disposição, cujo fim era cavá-las mais profundamente no meu espírito. A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações últimas, que eu cheguei a não entendê-la bem.

Meu pai não fraqueou e repetiu-a; encareceu o lugar e a noiva.

– Aceitas?

– Não entendo de política, disse eu depois de um instante; quanto à noiva... deixe-me viver como um urso, que sou.

– Pois traga-me uma ursa. Olhe, a Ursa Maior... Riu-se meu pai, e depois de rir, tornou a falar sério. Era-me necessária a carreira política, dizia ele por vinte e tantas razões, que deduziu com singular volubilidade, ilustrando-as com exemplos de pessoas do nosso conhecimento. Quanto à noiva, bastava que eu a visse, iria logo pedi-la ao pai, logo, sem demora de um dia. [...]

– Não vou daqui sem uma resposta definitiva, disse meu pai. De-fi-ni-ti-va! Repetiu, batendo as sílabas com o dedo. [...]

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 6ª Ed. São Paulo: Ática, 1977. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento.

 

O conflito dessa história tem início quando

A) o filho pede ao pai que o deixe viver como um urso.

B) o filho senta-se no baú para ouvir o pai.

C) o pai começa a rir da resposta dada pelo filho.

D) o pai faz duas propostas ao filho.

E) o pai insiste em obter uma resposta do filho.

 

Questão 9. (SAERO). Leia o texto abaixo e responda.

 

Área interna

Morava no terceiro andar [...]: não havia vizinho, do quarto andar para cima, que não jogasse lixo na sua área. Sua mulher era uma dessas conformadas que só existem duas no mundo, sendo que a outra ninguém viu:

– Deixa isso pra lá, Antônio, pior seria se a gente morasse no térreo.

Antônio não se controlava, ficava uma fera quando via cair cascas de banana, de laranja, restos de comida. Em época de melancia ficava quase louco, tinha vontade de se mudar. A mulher procurava contornar:

– Tenha calma, Antônio, daqui a pouco as melancias acabam e você esquece tudo.

Mas ele não esquecia:

– Acabam as melancias, vêm as jacas, acabam as jacas, vêm os abacates. Já pensou, Marieta? Caroço de abacate é fogo!

Um dia chegou na área, tinha até lata de sardinha. Procurou pra ver se tinha alguma sardinha, mas a lata tinha sido raspada. Se queimou. Falou com o síndico, ele disse que era impossível fiscalizar todos os quarenta e oito apartamentos pra ver quem é que atirava as coisas. Pensou em fechar a área com vidro, pediram uma nota firme e se não decidisse dentro de sete dias, ia ter um acréscimo de trinta por cento. Foi à polícia dar queixa dos vizinhos, o delegado achou muita graça, disse que não podia dar educação aos vizinhos e, se pudesse daria aos seus, pois ele morava no térreo e era muito pior. [...]

ELIACHAR, Leon. O homem ao zero. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980. Fragmento.

 

O fato que motivou essa narrativa foi

A) o lixo jogado na área.

B) o descontrole do marido.

C) a paciência da mulher.

D) a queixa feita contra os vizinhos.

E) a resposta dada pelo delegado.

 

Questão 10. (SAERO). Leia o texto abaixo e responda.

 

Feijões ou problemas?

 

Reza a lenda que um monge, próximo de se aposentar, precisava encontrar um sucessor. Entre seus discípulos, dois já haviam dado mostras de que eram os mais aptos, mas apenas um o poderia. Para sanar as dúvidas, o mestre lançou um desafio, para por a sabedoria dos dois à prova: ambos receberiam alguns grãos de feijão, que deveriam colocar dentro dos sapatos, para então empreender a subida de uma grande montanha.

Dia e hora marcado, começa a prova. Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar. No meio da subida, parou e tirou os sapatos. As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor. Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista.

Prova encerrada, todos de volta ao pé da montanha, para ouvir do monge o óbvio anúncio. Após o festejo, o derrotado aproxima-se do vencedor e pergunta como é que ele havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos:

– Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei.

Carregando feijões, ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida.

Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento, é você quem determina.

Disponível em: <http://www.metaforas.com.br/>. Acesso em: 13 mar. 2011.

 

Qual é o conflito gerador desse enredo?

A) A necessidade do monge em encontrar um sucessor.

B) A solução encontrada pelo discípulo vencedor.

C) A subida dos discípulos a uma grande montanha.

D) O desafio proposto pelo mestre aos seus discípulos.

E) O sofrimento do discípulo ao ver o oponente vencer.

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