
Regência Verbal
Regência, tanto a regência verbal como a regência nominal, é o processo em que um termo determinante rege outro determinado a ele, estabelecendo relação de subordinação entre os dois. A marca de subordinação costuma dar-se pela preposição que liga um termo ao outro ou pela ausência dela.
Como ocorre a regência verbal?
Conforme o próprio nome já indica, a regência verbal trata da relação de subordinação entre um verbo e outro termo, sendo este o complemento e/ou a preposição.
Assim, quando um verbo é intransitivo (não precisa de complemento) ou transitivo direto (precisa de complemento, mas sem preposição), diz-se que ele não é regido por preposição. Veja nos enunciados a seguir:
→ verbo + complemento:
Os alunos tinham boas notas.
Ele adorava dirigir o próprio carro.
Você terminou o projeto?
Nos três exemplos, o verbo não precisou ser regido por nenhuma preposição para dar sentido ao enunciado.
Quando o verbo é transitivo indireto, diz-se que uma preposição “rege” esse verbo, ou seja, que a preposição é necessária para ligá-lo ao seu complemento e dar o significado adequado ao enunciado. Veja as frases:
→ verbo + preposição + complemento
Ela opinou sobre o caso.
É verdade que você se divorciou do João?
Eu me esforcei para conseguir o emprego.
Nos três exemplos, o verbo é regido por uma preposição que o liga ao complemento para dar sentido ao enunciado: opinar sobre, divorciar-se de, esforçar-se para. O verbo depende da preposição, ou seja, está subordinado a ela.
Verbos com mais de uma regência
A preposição é tão importante que, muitas vezes, o mesmo verbo pode ser regido por preposições diferentes para indicar significados diferentes. Vamos analisar alguns casos muito frequentes:
A) Aspirar/aspirar a
Sem preposição (transitivo direto) = “cheirar”:
Aspiraram as fragrâncias e decidiram o melhor perfume.
Com preposição (transitivo indireto) = “ter por objetivo”, “pretender”:
Aspiravam a cargos melhores na empresa.
B) Assistir/assistir a
Sem preposição (transitivo direto) = “ajudar”, “auxiliar”:
O enfermeiro assistiu o médico durante a cirurgia.
Com preposição (transitivo indireto) = “ver”, “presenciar”, “acompanhar”:
Nós já assistimos a esse filme várias vezes, gostamos muito.
C) Custar/custar a
Sem preposição (transitivo direto) = “ter valor”:
Aquela roupa custou muito caro.
Com preposição (transitivo indireto) = “ser custoso a alguém”:
Custou ao jovem abrir mão do seu desejo.
D) Implicar/implicar com
Sem preposição (transitivo direto) = “ter consequências”:
O cancelamento do cartão implicará uma multa.
Com preposição (transitivo indireto) = “irritar”, “provocar”, “antipatizar”:
As crianças viviam implicando com o mais novo.
E) Informar/informar a
Informa-se algo a alguém, portanto, é transitivo direto e indireto, tendo os dois complementos:
Informei o episódio à gerente e ao supervisor.
F) Visar
Sem preposição (transitivo direto) = “olhar”, “avistar”, “assinar”:
O caçador visou o alvo. / O cliente visou o cheque.
Com preposição (transitivo indireto) = “ter por objetivo”, “pretender”:
Elas visavam ao cargo mais alto da empresa.
Vamos ver exemplos de alguns verbos e entender como eles são regidos. Alguns, conforme o seu significado, podem ter mais do que uma forma de regência.
1. Chegar. A) O verbo chegar é regido pela preposição “a”:
Chegamos ao local indicado no mapa.
Essa é a forma padrão. No entanto, é comum observarmos o uso da preposição “em” nas conversas informais, cujo estilo é coloquial: Chegamos no local indicado no mapa.
2. Custar A) com o sentido de ser custoso exige preposição:
Aquela decisão custou ao filho.
B) com o sentido de valor não exige preposição:
Aquela casa custou caro.
3. Obedecer
A) O verbo obedecer é transitivo indireto, logo, exige preposição:
Obedeça ao pai!
Na linguagem informal, entretanto, ele é usado como verbo transitivo direto: Obedeça o pai!
4. Proceder
A) com o sentido de fundamento é verbo intransitivo:
Essa sua desconfiança não procede.
B) com o sentido de origem exige preposição:
Essa sua desconfiança procede de situações passadas.
5. Esquecer
A) O verbo esquecer é transitivo direto, logo não exige preposição:
Esqueci o meu material.
No entanto, na forma pronominal, deve ser usado com preposição: Esqueci-me do meu material.
6. Querer
A) com o sentido de desejar não exige preposição:
Quero ficar aqui.
B) com o sentido de estimar exige preposição:
Queria muito aos seus amigos.
7. Ir
A) O verbo ir é regido pela preposição “a”:
Vou à biblioteca.
8. Morar
A) O verbo morar é regido pela preposição “em”:
Mora no fim da rua.
9. Namorar
A) O verbo namorar é transitivo direto, apesar de as pessoas o usarem sempre seguido de preposição:
Namorou Maria durante anos.
"Namorou com Maria durante anos" não é gramaticalmente aceito.
10. Preferir
A) O verbo preferir é transitivo direto e indireto. Assim:
Prefiro carne a peixe.
11. Simpatizar
A) O verbo simpatizar é transitivo indireto e exige a preposição "com":
Simpatiza com os mais velhinhos.
12. Chamar
A) com o sentido de convocar não exige complemento com preposição:
Chama o Pedro!
B) com o sentido de apelidar exige complementos com e sem preposição:
Chamou ao João de Mauricinho.
Chamou João de Mauricinho.
Chamou ao João Mauricinho.
Chamou João Mauricinho.
13. Pagar
A) quando informamos o que pagamos o complemento não tem preposição:
Paga o sorvete?