Covid talvez não seja a pior pandemia: veja doenças "novas" e "antigas" com risco de se espalhar...
Atualizado: 10 de mai. de 2021

No apagar das luzes de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) realizou uma reunião para marcar um ano da notícia do aparecimento do Sars-CoV-2. O evento fez um apanhado dos fatos, do conhecimento adquirido, destacou a notável colaboração mundial e também contemplou o futuro.
Na ocasião, a fala do presidente da comissão para emergências sanitárias, Michael Ryan, chamou atenção: "A covid foi um alerta. Ela é grave, difundiu-se pelo mundo rapidamente, mas não é, necessariamente, a ameaça mais perigosa".
Ryan se referia ao fato de que essa enfermidade é facilmente transmissível e fatal, mas sua taxa de mortalidade é baixa quando comparada a outras doenças. "Daqui em diante, temos de nos preparar para algo ainda mais grave", disse.
Os cientistas de todo o planeta não estão alheios aos possíveis agentes causadores de doenças. Essa é a razão pela qual a própria OMS listou quais seriam as possíveis doenças infecciosas com potencial epidêmico. Muitas delas já são conhecidas de nós, como a dengue, tuberculose, zika, ebola. Mas também podem surgir novos problemas, como aconteceu com a covid-19.
Por isso, a ideia é reforçar a vigilância e investir em ações para conter o avanço de patologias novas ou "antigas" que estão controladas. Embora achados científicos indiquem possibilidades, ainda é difícil saber qual será o agente infeccioso causador da próxima emergência de saúde global. O certo é que as epidemias não acontecem de um dia para o outro, se relacionam a fatores sociais e ambientais e suas prevenções e enfrentamentos devem envolver toda a comunidade.
Patógenos contagiosos e virulentos
Chamamos de infecciosas as doenças causadas por agentes (patógenos) que invadem determinado hospedeiro e ainda são capazes de causar enfermidades que podem ser transmitidas para outros. Os micro-organismos potencialmente envolvidos nesse processo são bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos, mas há outros agentes com igual poder, como os príons (partículas proteicas infecciosas sem carga genética).
Parte desses agentes são facilmente transmissíveis, portanto, mais contagiosos. Porém, muitos deles têm maior dificuldade para causar doenças. Já outros, definidos como virulentos, causam infecções mais graves. No entanto, nem sempre são tão contagiosos. Os patógenos mais preocupantes são aqueles que combinam a fácil transmissão e a virulência.
As portas de entrada desses agentes infecciosos, em geral, são os orifícios e as mucosas do corpo humano. E a primeira providência deles é procurar células ou tecidos hospedeiros, que serão invadidos, colonizados e lesionados por meio de toxinas ou do comprometimento do funcionamento celular. Alguns desses agentes se multiplicam entre as células; outros, como os vírus e alguns tipos de bactérias, nelas se instalam e crescem.
Perigo mora no desequilíbrio ambiental
Na última década, muitos países implantaram medidas para conter as mudanças climáticas. O objetivo é reduzir a emissão e concentração de gases de efeito estufa, cuja origem principal são a queima de combustíveis fósseis (como o petróleo) e o desmatamento. O que isso tem a ver com doenças infecciosas? Muito. Desequilíbrios ambientais e condições socioeconômicas são um prato cheio para muitos micro-organismos darem as caras.
Joel Henrique Ellwanger, biólogo e pesquisador do departamento de genética da UFRGS, explica que muitos vírus do nosso tempo, como ebola, HIV e