D14 - Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato - 9 ano
Sejam bem-vindos a mais uma aula preparatória. Hoje, vamos trabalhar uma habilidade fundamental para a leitura crítica: distinguir um fato de uma opinião relativa a esse fato, habilidade representada pelo Descritor D14. Aprender a diferenciar fatos de opiniões nos ajuda a compreender melhor os textos e a formar nossos próprios julgamentos de forma mais consciente.
O que são Fatos e Opiniões?
Fato: É uma informação que pode ser comprovada, verificada na realidade. É objetivo e independe de crenças ou pontos de vista. Pode ser comprovado por meio de evidências, dados, números, pesquisas, etc.
Opinião: É um ponto de vista pessoal, um julgamento, uma interpretação sobre algo. É subjetiva e pode variar de pessoa para pessoa. Expressa crenças, valores, sentimentos e percepções.
Por que é importante distinguir Fatos de Opiniões?
Saber diferenciar fatos de opiniões é crucial porque:
Desenvolve o pensamento crítico: Permite analisar as informações de forma mais objetiva, separando o que é comprovado do que é apenas uma interpretação.
Melhora a compreensão textual: Ajuda a entender a intenção do autor e a identificar possíveis vieses ou manipulações.
Auxilia na tomada de decisões: Permite tomar decisões mais informadas, baseadas em fatos concretos e não apenas em opiniões.
Prepara para a vida em sociedade: Em um mundo cheio de informações, é essencial saber discernir o que é fato do que é opinião para formar uma visão própria e participar de debates de forma construtiva.
Como Distinguir Fatos de Opiniões na Prática?
Aqui estão algumas dicas para te ajudar:
Verificabilidade: Pergunte-se: essa informação pode ser comprovada? Se a resposta for sim, provavelmente é um fato. Se for uma interpretação ou julgamento, é uma opinião.
Objetividade vs. Subjetividade: Fatos são objetivos, ou seja, descrevem a realidade como ela é. Opiniões são subjetivas, expressam o ponto de vista de alguém.
Marcas Linguísticas: Preste atenção em palavras e expressões que indicam opinião:
A) Adjetivos qualificativos: "ótimo", "péssimo", "interessante", "horrível".
B) Advérbios de modo: "claramente", "obviamente", "infelizmente".
C) Verbos de opinião: "acreditar", "achar", "considerar", "parecer".
D) Expressões de julgamento: "na minha opinião", "eu acredito que", "é importante ressaltar".
Contexto: Analise o contexto em que a informação está inserida. Em textos jornalísticos, por exemplo, espera-se que haja mais fatos do que opiniões, enquanto em artigos de opinião ou editoriais, a predominância é de opiniões.
Exemplo Prático:
"O Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014 (fato). Foi a melhor Copa de todos os tempos! (opinião)."
Fato: O Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014. Isso pode ser comprovado por registros históricos.
Opinião: "Foi a melhor Copa de todos os tempos!" Isso é um julgamento pessoal, outras pessoas podem ter opiniões diferentes.
Mais exemplos:
Fato: "A temperatura em São Paulo hoje é de 25 graus Celsius." (Pode ser verificada por termômetros e estações meteorológicas).
Opinião: "O clima de São Paulo é agradável." (Depende da preferência de cada pessoa).
Fato: "A vacina contra a gripe reduz o risco de complicações da doença." (Comprovado por estudos científicos).
Opinião: "Tomar vacina é uma bobagem." (Um ponto de vista pessoal, que ignora as evidências científicas).
Distinguir fatos de opiniões é uma habilidade essencial para a formação de cidadãos críticos e informados. Ao dominar essa competência, vocês estarão mais preparados para analisar informações, formar suas próprias opiniões e participar ativamente da sociedade.
Fórum: Opinar, Compartilhar e Refletir sobre a Aula
Tópico de Discussão: Avaliação sobre Fatos e Opiniões
Sejam bem-vindos a mais um momento de reflexão e aprendizado! Nesta discussão, vamos avaliar a nossa compreensão sobre a diferença entre fatos e opiniões. Para isso, sigam as orientações abaixo e participem ativamente do fórum.
Instruções para a Avaliação
Leitura e Reflexão: Releia os conceitos apresentados sobre fatos e opiniões e reflita sobre a importância de distinguir esses dois elementos na leitura e interpretação de textos.
Atividade Prática: Escolha uma das seguintes opções e responda com atenção: Opção 1: Encontre uma notícia recente e identifique um fato e uma opinião presentes nela. Apresente a notícia (resumo ou link), destaque um trecho que contenha um fato e outro que contenha uma opinião, explicando sua escolha. Opção 2: Leia a seguinte afirmação: "Os livros didáticos são essenciais para a educação dos estudantes." Essa afirmação é um fato ou uma opinião? Justifique sua resposta e, se possível, apresente um fato relacionado ao tema para apoiar seu ponto de vista.
Opção 3: Crie um par de frases sobre um tema de sua escolha, sendo uma contendo um fato e outra contendo uma opinião. Peça aos colegas que analisem sua resposta e discutam sobre a distinção entre os dois.
Interação no Fórum: Leia e comente ao menos duas respostas de seus colegas. Ao comentar, tente argumentar com base nos conceitos estudados, questionar ideias e propor novas reflexões.
Critérios de Avaliação
Compreensão do Conteúdo: Demonstração clara da diferença entre fato e opinião.
Coerência e Argumentação: Explicação bem fundamentada e organizada.
Interação e Respeito: Participação ativa e respeitosa nos comentários dos colegas.
Aguardamos sua participação! Vamos juntos desenvolver nosso pensamento crítico e aprimorar nossa leitura e compreensão textual.
PRATIQUE!
CRIANÇAS SÃO ACHADAS VIVAS NA SELVA 40 DIAS APÓS QUEDA DE AVIÃO NA COLÔMBIA
Irmãos sobreviveram na Amazônia e foram resgatados por militares. A mãe delas e mais dois adultos morreram no acidente, em 1º de maio.
Por g1 / 09/06/2023
As quatro crianças que estavam desaparecidas após a queda de um avião na Colômbia há 40 dias foram encontradas com vida nesta sexta-feira (9). A informação foi confirmada pelas Forças Armadas da Colômbia e pelo presidente Gustavo Petro. "É um grande presente para a Colômbia, um presente para a vida, nossos meninos cuidados pela selva", disse Petro em uma entrevista momentos após anunciar o resgate em um post numa rede social.
As autoridades não deram detalhes sobre o estado de saúde dos quatro irmãos resgatados, que estão sob cuidados médicos. Segundo a imprensa colombiana, as crianças estão desidratadas, com picadas de insetos e levemente feridas, especialmente nos pés, porque percorreram longas distâncias descalças.
[...]
O presidente colombiano disse que o "aprendizado" de viver na selva ajudou as crianças indígenas. "Eles se defenderam sozinhos, foi o aprendizado de viver na selva que as salvou", afirmou. "São exemplos de sobrevivência total que ficará para a história. Essas crianças são hoje os filhos da paz".
O ministro da Defesa, Iván Velázquez, disse que os irmãos podem ser levados a um hospital militar em Bogotá caso os médicos permitam.
No dia 17 de maio, Gustavo Petro chegou a anunciar o resgate das quatro crianças, mas depois negou e se retratou. As Forças Armadas seguiam com as buscas em mata fechada.
Fonte: https://g1.globo.com/
Questão 1. Há uma opinião em:
A) “... Gustavo Petro chegou a anunciar o resgate...”
B) “os irmãos podem ser levados a um hospital...”
C) “É um grande presente para a Colômbia...”
D) “... foram encontradas com vida nesta sexta...”
(Prova Brasil). Leia o texto abaixo:
As enchentes de minha infância
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed.Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962. p. 157.
Questão 2. A expressão que revela uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa casa” (ℓ. 10), é
A) “Às vezes chegava alguém a cavalo...”
B) “E às vezes o rio atravessava a rua...”
C) “e se tomava café tarde da noite!”
D) “Isso para nós era uma festa...”
Leia o texto para responder a questão abaixo:
No mundo dos sinais
Sob o sol de fogo, os mandacarus se erguem, cheios de espinhos. Mulungus e aroeiras expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem flores, sem frutos.
Sinais de seca brava, terrível!
Clareia o dia. O boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o gado.
Toque de saída. Toque de estrada. Lá vão eles, deixando no estradão as marcas de sua passagem.
TV Cultura, Jornal do Telecurso.
Questão 3. A opinião do autor em relação ao fato comentado está em
A) “os mandacarus se erguem”
B) “aroeiras expõem seus galhos”
C) “Sinais de seca brava, terrível!!”
D) “Toque de saída. Toque de entrada”.
Leia o texto para responder a questão abaixo:
Mulher é atropelada e põe a culpa no Google Maps
Nos Estados Unidos, quase tudo pode render uma ação judicial. O processo movido pela americana Lauren Rosenberg, vítima de um atropelamento em uma rodovia no Estado de Utah, seria mais um caso de reparação por danos, mas ela quer receber US$ 100 mil (cerca de R$ 183,5 mil) não só do motorista que a atingiu, Patrick Harwood, mas também da empresa Google.
Segundo o jornal inglês The Guardian, Lauren tentou atravessar uma estrada estadual sem passeio para pedestres, à noite, e foi atingida por um carro, em 19 de janeiro de 2009.
Ela alega ter seguido as indicações do site Google Maps.
O advogado Allen Young entrou com a ação judicial na semana passada. Ele argumenta que o site foi "descuidado e negligente" ao indicar a travessia de uma via expressa. "As pessoas confiam nas instruções (dadas pelo Google Maps). Ela acreditou que era seguro atravessar a pista."
Ao indicar uma rota, o serviço do Google dá um alerta: "Essa rota pode não ter calçadas ou passeio para pedestres". Procurada pelo Guardian, a empresa não quis comentar o caso, que ainda vai dar o que falar.
http://www.diariopopular.com.br
Questão 4. O trecho do texto que expressa uma opinião é
A) “Nos Estados Unidos, quase tudo pode render uma ação judicial.”
B) "Essa rota pode não ter calçadas ou passeio para pedestres".
C) “Ele argumenta que o site foi "descuidado e negligente" [...]”
D) “Procurada pelo Guardian, a empresa não quis comentar o caso”
Leia o texto para responder a questão abaixo:
Maria vai com as outras em ação
Os mesmos que hoje adotam Dunga como queridinho, em redes sociais e no twitter,[...] serão os que voltar-se-ão contra o técnico da Seleção em caso de fracasso.
E o farão sem dó nem piedade. É uma legião de maria vai com as outras, cujo cérebro não resiste à manutenção de uma opinião própria.
Seus conceitos e preconceitos migram de forma proporcional à capacidade neuronal de raciocínio: quase nula. Podem cobrar depois.
http://wp.clicrbs.com.br/castiel/2010/06/24/maria-vai-com-as-outras-eletronicos/?topo=77,2,18
Questão 5. Segundo o texto, a expressão “Maria vai com as outras” significa pessoas que
A) têm pouca capacidade de raciocínio.
B) adoram o técnico da seleção .
C) falam mal do Dunga.
D) seguem a opinião dos outros.
Leia o texto abaixo.
Goiabada, de Carlos Heitor Cony
Goiabada tinha cara de goiabada mesmo. Fica difícil explicar o que seja uma cara de goiabada, mas qualquer pessoa que se defrontava com ele, mesmo que nada dissesse, constataria em foro íntimo que Goiabada tinha cara de goiabada.
Eu o conheci há tempos, quando jogava pelada nas ruas da Ilha do Governador. Ele se oferecia para a escalação, mas quase sempre era rejeitado. Ruim de bola, era bom de gênio.
[...]
Perdi-o de vista, o que foi recíproco. Outro dia, parei num posto para abastecer o carro e um senhor idoso me ofereceu umas flanelas, dessas de limpar para-brisa. Ia recusar, mas alguma coisa me chamou a atenção: dando o desconto do tempo, o cara tinha cara de goiabada. Fiquei indeciso. Não podia perguntar se ele era o Goiabada, podia se ofender, não havia motivo para tanta e tamanha intimidade.
[...]
O tanque do carro já estava cheio, e o novo Goiabada, desanimado de me vender uma flanela, ia se retirando em busca de freguês mais necessitado. Perguntei quantas flanelas ele tinha. Não sabia, devia ter umas 40, não vendera nenhuma naquele dia. Comprei-lhe todas, ele fez um abatimento razoável. E ficou de mãos vazias, olhando o estranho que sumia com suas 40 flanelas e nem fizera questão do troco.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1111200803.htm
Questão 6. O fato que gerou a história narrada foi
A) o encontro entre o narrador e o homem que ele achou ter “cara de goiabada”.
B) o jogo de futebol que os meninos jogavam nas ruas da Ilha do Governador.
C) o narrador ter comprado todas as flanelas do idoso e não querer o troco.
D) a separação dos dois meninos que jogavam futebol.
Leia o texto para responder a questão abaixo:
Os livros e suas vozes
Sempre gostei muito de livros e, além dos livros escolares, li os de histórias infantis, e os de adultos: mas estes não me pareciam tão interessantes, a não ser, talvez, Os Três Mosqueteiros, numa edição monumental, muito ilustrada, que fora do meu avô. Aquilo era uma história que não acabava nunca; e acho que esse era o seu principal encanto para mim. Descobri o dicionário, uma das invenções mais simples e formidáveis e também achei que era um livro maravilhoso, por muitas razões.
(...) quando eu ainda não sabia ler, brincava com os livros e imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo.
MEIRELES, Cecília. Obra Poética. Rio de janeiro: Aguillar, 1997.
Questão 7. O trecho em que se identifica a opinião da autora é
A) “Sempre gostei muito de livros...”
B) “(...) além dos livros escolares, li os de histórias infantis, (...)”
C) ”(...) achei que era um livro maravilhoso, (...)”
D) “quando eu ainda não sabia ler, brincava com os livros (...)”
Leia o texto para responder a questão abaixo:
Cidadania, direito de ter direitos
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. [...] Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento está o respeito à coisa pública. [...] Foi uma conquista dura. Muita gente lutou e morreu para que tivéssemos o direito de votar.
DIMENSTEIN, Gilberto. O Cidadão de papel. São Paulo: Ed. Ática, 1998.
Questão 8. O trecho que indica uma opinião em relação à cidadania é
A) ...“é o direito de ter uma idéia e poder expressá-la...”.
B) ...“É poder votar em quem quiser...”.
C) ...“revelam estágios de cidadania:...”
D) ... “Foi uma conquista dura.”
Leia o texto para responder a questão abaixo:
Há saída para os jovens
O Brasil tem hoje um grande exército de jovens na faixa etária de 15 a 24 anos aguardando uma possibilidade de apresentar ao mercado de trabalho o seu potencial. O maior drama deste exército juvenil é a ausência de vagas oferecidas àqueles que procuram o seu primeiro emprego. [...]
Além disso, parte das vagas oferecidas aos jovens são ocupadas por adultos, já que o desemprego também afeta gravemente os chefes de família, que desesperados, aceitam qualquer coisa. [...]
Apesar de tudo [...], há saídas para os jovens [...]. Por não haver alternativas individuais para todos, apenas para alguns, o país precisa de um projeto nacional de desenvolvimento que viabilize o crescimento econômico em mais de 5,5% ao ano e por toda uma década.
Fonte: http://www.estudeonline.net/revisao_detalhe.aspx?cod=259
Questão 9. O trecho do texto que revela uma opinião é
A) “[...] o país precisa de um projeto nacional de desenvolvimento[...]”
B) “[...] parte das vagas oferecidas aos jovens são ocupadas por adultos [...]”
C) “O Brasil tem hoje um grande exército de jovens [...]
D) “[...] o desemprego também afeta gravemente os chefes de família [...]”
Leia o texto para responder a questão abaixo:
Tatuagem
Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.
(Mundo Online, 4, fev., 2003)
Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42; bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
– É bom você anotar – disse ela – porque não será uma mensagem tão curta como essa da inglesa.
Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
– “Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca” – ditou ela –, “favor não proceder à ressuscitação”. Uma pausa, e ela continuou:
– “E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais tatuasse, mais ganharia.
Ela continuou falando.(...). Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado como terminaria a história (...). E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la.
– Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo o que a senhora me contou, eu precisaria de mais três ou quatro mulheres.
Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem. (...). Ele fez uma tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico (...). Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como se tivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
(Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 10/03/2003.)
Questão 10. O trecho da crônica que mostra que o cronista inspirou-se em um fato real é
A) a notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.
B) as manobras de ressuscitação praticadas pelos médicos.
C) a reprodução da conversa entre a secretária e o tatuador.
D) a história de amor entre a secretária e o tatuador.