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PAAEB - 3º ano EM

Público·1 membro

D10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa - 3º EM

Sejam bem-vindos a mais uma aula do nosso curso preparatório. Hoje, mergulharemos no universo da narrativa para desvendar um elemento crucial: o conflito gerador. Compreender o conflito e sua interação com os outros componentes da narrativa é essencial para a interpretação textual e, consequentemente, para o sucesso nas avaliações.


O que é o Conflito Gerador?

Imagine uma história sem nenhum problema, sem nenhuma tensão. Provavelmente, seria uma narrativa monótona e sem graça. O conflito gerador é exatamente o elemento que injeta essa tensão na trama, é a força motriz que impulsiona a ação e motiva as personagens. É a "pedra no sapato" que precisa ser resolvida, o desafio a ser superado, o nó que precisa ser desatado. Em outras palavras, é a situação-problema que desencadeia a narrativa.


Tipos de Conflito

Os conflitos podem se manifestar de diversas formas:

  • Conflito Interno (Homem vs. Ele Mesmo): Ocorre dentro da personagem, uma luta entre seus desejos, crenças, valores ou emoções conflitantes. Um exemplo seria um personagem que precisa tomar uma decisão difícil que vai contra seus princípios.

  • Conflito Externo: Envolve a personagem em uma luta contra uma força externa. Podemos subdividi-lo em:

  • Homem vs. Homem: Conflito entre duas ou mais personagens, como uma rivalidade ou uma disputa.

  • Homem vs. Natureza: Conflito da personagem contra forças naturais, como uma tempestade, um animal selvagem ou uma doença.

  • Homem vs. Sociedade: Conflito da personagem contra as normas, instituições ou valores da sociedade em que vive.

  • Homem vs. Sobrenatural: Conflito da personagem com forças além da compreensão humana, como fantasmas, deuses ou entidades místicas.


A Interação com os Elementos da Narrativa

O conflito gerador não existe isoladamente. Ele se relaciona intrinsecamente com os outros elementos que compõem a narrativa:

  • Personagens: As personagens são os agentes do conflito. Suas ações, reações e motivações são diretamente influenciadas pelo conflito. O conflito revela as características das personagens, seus valores e sua capacidade de superação.

  • Espaço: O espaço, tanto físico quanto social, pode influenciar o conflito. Um ambiente hostil, por exemplo, pode intensificar o conflito entre a personagem e a natureza.

  • Tempo: O tempo, tanto cronológico quanto psicológico, também se relaciona com o conflito. A urgência do tempo pode aumentar a tensão do conflito, enquanto a passagem do tempo pode trazer mudanças nas personagens e na forma como lidam com o conflito.

  • Narrador: A perspectiva do narrador influencia a forma como o conflito é apresentado ao leitor. Um narrador onisciente, por exemplo, pode revelar os pensamentos e sentimentos de todas as personagens envolvidas no conflito, enquanto um narrador em primeira pessoa apresenta uma visão mais subjetiva.

  • Enredo: O enredo é a sequência de eventos que compõem a narrativa. O conflito gerador é o ponto de partida do enredo, desencadeando a ação e conduzindo a história até o clímax e o desfecho.


Em "Dom Casmurro", de Machado de Assis, o conflito gerador é a dúvida de Bentinho sobre a suposta traição de Capitu. Esse conflito interno o consome, influenciando suas ações, suas relações e sua percepção da realidade. O espaço (Rio de Janeiro do século XIX), o tempo (a passagem da adolescência para a vida adulta) e o narrador (o próprio Bentinho, com sua visão subjetiva) contribuem para a construção e a intensificação desse conflito. O enredo se desenvolve a partir dessa dúvida, culminando no afastamento definitivo entre Bentinho e Capitu.


Identificar o conflito gerador é fundamental para compreender a mensagem da narrativa e a forma como ela é construída. Ao analisar um texto narrativo, procure identificar a situação-problema central e como ela se relaciona com as personagens, o espaço, o tempo, o narrador e o enredo. Essa análise aprofundada permitirá uma interpretação mais completa e significativa da obra.


PRATIQUE!

A Ilha da Desconfiança: Uma Reportagem sobre Conflito e Isolamento

A pequena ilha de Farol do Norte, outrora um paraíso de união e tradição pesqueira, vive sob o peso de uma sombra: a desconfiança. Há três meses, uma série de desaparecimentos de peixes nas redes dos pescadores locais começou a gerar um clima de suspeita entre os habitantes. O que antes era uma comunidade unida pela labuta no mar e pelas festas comunitárias, agora se divide em grupos que se acusam mutuamente.


A crise teve início quando as redes de Jonas, um pescador experiente e respeitado na ilha, começaram a voltar vazias. Logo, outros pescadores relataram o mesmo problema. A princípio, cogitou-se uma mudança na rota dos peixes ou até mesmo um fenômeno natural. No entanto, a persistência do problema e a coincidência de afetar principalmente os pescadores mais bem-sucedidos alimentaram a teoria de sabotagem.


A desconfiança se intensificou com o surgimento de boatos e acusações anônimas. Velhas rivalidades entre famílias de pescadores ressurgiram, e a atmosfera na ilha se tornou tensa. As conversas nos bares e nas ruas se transformaram em debates acalorados, permeados por suspeitas e rancores. Até mesmo os laços familiares foram abalados, com irmãos e pais e filhos evitando o contato.


Dona Maria, matriarca de uma das famílias mais antigas da ilha, lamenta a situação: “Nunca imaginei ver Farol do Norte assim. É como se uma doença invisível tivesse contaminado nossos corações”. O isolamento se tornou uma consequência inevitável. Os pescadores passaram a trabalhar sozinhos, evitando a companhia uns dos outros no mar. As festas e os encontros comunitários foram cancelados, e o silêncio tomou conta da ilha.


O conflito gerador dessa situação – a perda inexplicável dos peixes – desencadeou uma série de outros conflitos, principalmente do tipo “Homem vs. Homem” e “Homem vs. Sociedade”. A luta pela sobrevivência e a busca por um culpado transformaram a comunidade em um campo de batalha, onde a confiança mútua foi a principal vítima. O espaço insular, que antes proporcionava união, agora intensifica o isolamento e a sensação de claustrofobia. O tempo, com a persistência do problema, só agrava a situação. O narrador, ao relatar os fatos, busca apresentar uma visão panorâmica da situação, mostrando os diferentes lados da história e os impactos do conflito na vida dos habitantes da ilha.


A resolução desse conflito é incerta. Resta saber se os habitantes de Farol do Norte conseguirão superar a desconfiança e reconstruir os laços que os uniam, ou se a ilha continuará refém desse clima de tensão e isolamento.


Questão 1. O conflito gerador da narrativa “A Ilha da Desconfiança” é:

a) A falta de recursos financeiros na ilha.

b) A disputa por melhores pontos de pesca.

c) O desaparecimento inexplicável dos peixes nas redes dos pescadores.

d) A rivalidade entre as famílias de pescadores.

e) O isolamento geográfico da ilha.


Questão 2. O conflito predominante na narrativa, considerando a tipologia estudada, é:

a) Homem vs. Natureza.

b) Homem vs. Sobrenatural.

c) Homem vs. Ele Mesmo.

d) Homem vs. Homem e Homem vs. Sociedade.

e) Homem vs. Tempo.


Questão 3. Como o espaço físico da ilha influencia o conflito?

a) Facilita a comunicação e a resolução dos problemas.

b) Intensifica o isolamento e a sensação de claustrofobia.

c) Não exerce nenhuma influência sobre o conflito.

d) Proporciona um ambiente de paz e harmonia.

e) Estimula a união e a cooperação entre os habitantes.


Questão 4. Qual a consequência direta do conflito na vida dos habitantes da ilha?

a) O aumento da produção de peixes.

b) A intensificação dos laços familiares.

c) A realização de grandes festas comunitárias.

d) O isolamento e o cancelamento dos encontros comunitários.

e) A busca por novas formas de trabalho na ilha.


Questão 5. O narrador da reportagem busca apresentar:

a) Uma visão parcial e subjetiva dos acontecimentos.

b) Uma defesa apaixonada de um dos lados do conflito.

c) Uma visão onisciente e panorâmica da situação, mostrando os diferentes lados da história.

d) Uma crítica severa à postura dos pescadores mais antigos.

e) Uma exaltação da vida isolada na ilha.

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