[AULA 1] Introdução e Contexto Histórico
A literatura de qualquer período é moldada pelo contexto histórico e cultural no qual ela se desenvolve. Para compreendermos as produções literárias da Idade Média, do Renascimento e do Quinhentismo, é essencial entendermos o cenário social, político e religioso de cada uma dessas épocas.
Para entendermos a literatura de cada período, é crucial analisarmos o cenário histórico em que ela se desenvolveu.
Idade Média: Marcada pelo sistema feudal, forte influência da Igreja Católica, as Cruzadas e o surgimento das primeiras universidades. A cultura era predominantemente teocêntrica.
Renascimento: Período de transição para a Idade Moderna, caracterizado pelo Humanismo, valorização da cultura clássica greco-latina, as Grandes Navegações e a Reforma Protestante. Houve uma mudança para o antropocentrismo.
Quinhentismo no Brasil: Coincide com a chegada dos portugueses e o início da colonização. A produção literária inicial é marcada por relatos de viagem e pela atuação dos jesuítas na catequização.
Idade Média (Séculos V a XV)

A Idade Média foi um período marcado por grandes transformações sociais e políticas. O sistema feudal predominava, com a sociedade organizada em uma hierarquia rígida, onde o clero e a nobreza exerciam grande poder. A Igreja Católica foi a principal instituição influenciadora, não só na política e na educação, mas também na vida cultural, religiosa e literária.
A literatura medieval era, em grande parte, teocêntrica, ou seja, focada na religião, na moral e na salvação da alma. As grandes obras dessa época, como as épicas e as literaturas religiosas, refletiam esses valores e muitas vezes tinham um caráter educativo e moralizante. As Cruzadas e a busca por poder e territórios também influenciaram a literatura, assim como o surgimento das primeiras universidades, que começaram a abrir espaço para o conhecimento secular.
Renascimento (Séculos XIV a XVII)
O Renascimento foi uma época de grande transformação cultural e intelectual, que se estendeu da Itália para o resto da Europa. Esse período marcou a transição da Idade Média para a Idade Moderna e foi profundamente influenciado pelo Humanismo, movimento filosófico que valorizava o ser humano e sua capacidade de razão e criatividade.

Com o Renascimento, houve um redescobrimento da cultura clássica greco-romana, o que levou a uma mudança de perspectiva: de teocentrismo para antropocentrismo — ou seja, a centralidade do homem como figura principal no universo. As Grandes Navegações e o impacto da Reforma Protestante também foram eventos históricos que moldaram a produção literária do período, abrindo novos horizontes para a exploração e a reflexão filosófica e científica.
A literatura, que antes estava subordinada à Igreja e aos temas religiosos, passou a refletir uma busca pela beleza, pela razão e pelo prazer humano. Obras clássicas, como as de Dante Alighieri, Petrarca e Giovanni Boccaccio, eram redescobertas e novas obras com temas humanos, mitológicos e históricos começaram a surgir, marcando o início do que hoje chamamos de literatura moderna.
Quinhentismo no Brasil (Século XVI)
O Quinhentismo brasileiro coincide com a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, e marca o início da colonização e da produção literária no território. A literatura dessa época é fortemente marcada pelos relatos de viagem, por causa das primeiras impressões dos exploradores sobre as novas terras e povos.

Além disso, o papel dos jesuítas foi crucial, pois estavam envolvidos na catequização dos indígenas e na fundação das primeiras escolas no Brasil. Isso gerou uma literatura de caráter catequético, que visava, por um lado, documentar o descobrimento e a cultura indígena e, por outro, propagar a fé cristã.
A produção literária quinhentista no Brasil não era, por exemplo, literária no sentido de criação de romances ou poemas, mas sim focada em testemunhos, relatos e descrições. A Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita ao rei Dom Manuel I de Portugal, é o maior exemplo desse tipo de literatura, descrevendo a chegada ao Brasil e os primeiros contatos com os nativos.
Embora o Brasil estivesse em um momento de exploração, a literatura brasileira começou a se configurar, ainda que de maneira incipiente, sob as influências da cultura portuguesa e da mentalidade colonial.