
Coerência Textual
Quando você se propõe a escrever um texto, certamente se lembra de quem vai ler, não é verdade? Provavelmente, você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados para que o leitor compreenda o texto. Nessa tentativa de fazer-se compreendido, você estabelece alguns padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo?
Pois bem, intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa redação, chamado de coerência textual. Você pode até não conhecer a exata definição desse elemento da linguística textual, mas possivelmente evita construções ininteligíveis em sua redação e recorre aos seus conhecimentos sociocognitivos. A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, próprio daquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. Por serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não pode ser delimitada, pois o leitor é o responsável pela constituição dos significados do texto.
A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que está escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações. Quando lemos um texto, estamos ao mesmo tempo construindo sua interpretação, e fazer isso de maneira eficiente está relacionado com os conhecimentos que já possuímos. Como vamos entender um texto que trate de química nuclear se não soubermos o que são os elementos da tabela periódica? Como entender um texto que fale sobre coerência se não soubermos o básico sobre a interpretação de textos?
Princípios da coerência textual
A coerência textual é formada de acordo com três princípios básicos:
I. Princípio da não contradição: o texto deve apresentar ideias lógicas e interligadas de maneira clara, evitando assim a falta de nexo.
II. Princípio da não tautologia: uso de diferentes palavras ao longo do texto, mas que transmitem a mesma ideia. Esse vício de linguagem interfere na interpretação, pois impede a progressão textual e, consequentemente, o entendimento da mensagem.
III. Princípio da relevância: depende diretamente da coesão textual, pois as informações precisam apresentar uma conexão lógico-semântica em cada um dos parágrafos. Quando um texto possui ideias fragmentadas, sem ordenamento e relação entre si, torna-se incoerente, mesmo que os trechos tragam algum tipo de significado isolado.
Tipos de coerência textual
Existem 6 tipos de coerência textual. Quando são utilizados corretamente, especialmente em textos não literários, isto é, aqueles que têm a função de convencer, explicar ou informar, contribuem com a significação da mensagem que o autor tem o intuito de transmitir. Veja, a seguir, quais são eles:
A) Coerência sintática
Remete à estruturação linguística, como seleção das palavras conforme o contexto, ordenamento lógico das frases e coesão textual. Auxilia no uso adequado dos conectivos e evita a construção de pensamentos ambíguos (incertos).
B) Coerência semântica
Está relacionada com a composição lógica das ideias, ou seja, elaboração de argumentos ordenados, harmônicos e sem nenhuma contradição. Como a semântica é a parte da linguística que estuda o significado das palavras, a incoerência desfaz as relações de sentido entre as palavras que compõem as partes do texto.
C) Coerência temática
Todas as frases precisam ser relevantes para o tema discutido. O autor deve privilegiar apenas os argumentos que possibilitam o desenvolvimento de ideias pertinentes e que permitem a compreensão do público leitor.
D) Coerência pragmática
Refere-se aos textos orais ou escritos que levam em conta a linguagem falada e seus efeitos na comunicação entre os interlocutores. Quando fazemos uma pergunta para outra pessoa, por exemplo, é esperado uma resposta, que pode ser de cunho afirmativo ou negativo. Caso essa regra seja quebrada, acontece o que é definido pela linguística como incoerência pragmática.
E) Coerência estilística
Diz respeito ao estilo linguístico aplicado no texto, que deve ser mantido do início ao fim. A mistura entre as variedades, como o uso da linguagem coloquial e formal ao mesmo tempo, não interfere na interpretabilidade do conteúdo, mas deve ser evitada porque pode levar facilmente a incoerência textual.
F) Coerência genérica
É ligada a escolha do gênero textual, que deve dialogar com os acontecimentos discursivos. Por exemplo, se o objetivo de uma pessoa é vender um produto, certamente ela vai adotar uma linguagem persuasiva em seu texto, pois essa é a caraterística desse tipo de gênero. Já se a intenção for contar uma história, uma das opções é escrevê-la em formato de conto.
Fonte:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/coerencia-textual
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm